Meus caros, semana curta para o Brasil, mas carregada para quem está ligado na Parada Gay e nos eventos que a antecedem. Já tivemos, no passado, até alegados 3.5 milhões de participantes. Ano passado a participação foi menor, a Parada idem, acabou mais cedo que o esperado, houve protestos e críticas de vários lados. Como será esse ano? Só esperando domingo para saber. Na realidade, vejo eu que a própria Parada está passando por uma crise de identidade, criticada por aqueles que a acusam de não ser mais um momento de ativismo, de militância homossexual, mas um mero carnaval, uma festividade vazia.
Não se pode mais dizer que a Parada seja a mesma coisa que foi sem seus primórdios, passou-se muito tempo desde então, 14 anos em nossa Era é bastante coisa, e nesse período é inegável que teve um grande papel na conquista da visibilidade que os homossexuais têm hoje. Falei visibilidade, não podemos dizer que se tenha assegurado uma posição mais segura e clara para nós na sociedade. A sociedade mudou, como festejou a revista Veja há algumas semanas?
Mudou sim, mas pouco. Fora de uma parte muito limitada da cidade de São Paulo eu e meu namorado não podemos andar de mãos dadas na rua, ou nos beijarmos em público, sem que isso nos exponha ao risco de repressão e até violência por parte dos outros cidadãos. Imaginem como não é no interior. O que diz a lei sobre nós? O Projeto de Lei 122/06, que torna crime a homofobia, vale dizer, que defende nossos mais elementares direitos de igualdade aos demais cidadãos, não consegue avançar no Congresso Nacional. Eu acho que nos resta uma pergunta básica: a Parada Gay é capaz de mudar a nossa sociedade, tal como gostaríamos? Não, definitivamente não. É uma festa animada, um grande evento turístico e comercial, um momento de visibilidade, mas só. Vejamos como uma celebração, nada mais do que isso. A transformação que desejamos virá, sou sempre otimista, acredito que as coisas estão mudando lentamente para melhor, mas acho que nossa incorporação à sociedade virá por outros caminhos, já falei das manifestações do Poder Judiciário e dos poderes públicos estaduais aqui e ali. A parada é uma festa, valiosa, mas só isso. Abraços do Cavalcanti.
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