Paralamas trintão…

UNIÃO – Bi Ribeiro, Herbert Vianna e João Barone seguem com a banda até hoje

No ano em que subiram juntos ao palco pela primeira vez, Herbert Vianna cursava Arquitetura, Bi Ribeiro, Zootecnia, e João Barone, Biologia. Aos 20 anos de idade, nenhum deles podia imaginar que o grupo se tornaria uma das mais importantes bandas de rock do País e muito menos que, cinquentões ou 30 anos depois, ainda estariam juntos e em plena atividade. “Era uma época em que a gente vivia com as metas apenas para o próximo fim de semana”, conta Barone, relembrando os idos de 1982. “E a ideia de viver de música ainda passava por uma órbita muito distante da nossa realidade”, completa. Tão distante que, para decidir o nome da banda, foi feita uma votação entre amigos para escolher a sugestão mais estapafúrdia. Ganhou a de Bi: Paralamas do Sucesso.

Os planos mais ousados, naquele momento, eram ter alguma música tocada na Rádio Fluminense e se apresentar no pequeno pub Western Club, no Rio de Janeiro. Deu certo, e a coisa começou a crescer. Em 1983, o trio conseguiu abrir um show para Lulu Santos no Circo Voador – “Aí foi o topo de Everest” – e, no mesmo ano, fechar contrato com a EMI para gravar o disco de estreia, Cinema Mudo. O álbum não saiu exatamente como os Paralamas queriam, por conta da interferência da gravadora, mas fez a banda despontar com Vital e sua Moto. Com o disco seguinte, O Passo do Lui, sucessos como Óculos e Meu Erro levaram o trio aos palcos do Rock in Rio de 1985, e, no ano seguinte, Selvagem? estabeleceu o grupo de vez na cena nacional. O álbum, hoje um clássico, figura em quase todas as listas de melhores discos da música brasileira.

A partir daí, foram mais 16 discos lançados, milhares de cópias vendidas, shows lotados pelo Brasil e pelo mundo. Nos anos 1990, os sucessos Uma Brasileira, Lourinha Bombril e Ela Disse Adeus expandiram ainda mais o público do grupo, que passou a ter também reconhecimento em outros países da América Latina. O acidente que quase tirou a vida de Herbert, em 2001, não parou os Paralamas, que precisaram achar, após a trágica experiência, energia para continuar. “Quando a gente viu, estava de novo com o Herbert dentro do estúdio, gravando, e aquilo foi uma coisa incrível”, conta Barone. “A gente sente como se tivesse renascido.”

Agora, para comemorar os 30 anos de carreira, os Paralamas organizam uma turnê com novidades, começando em São Paulo e indo para outras capitais. O trio não vai tocar só os grandes sucessos, mas também músicas de artistas fundamentais para a sua formação. Artistas que os três ouviam lá atrás, quando ainda estudavam Arquitetura, Zootecnia e Biologia – Led Zepellin, The Who e Clash, Jorge Ben Jor, Gilberto Gil e Lulu Santos. Não se trata de fazer covers, ressalta Barone, mas versões e citações das músicas escolhidas.

Ao contrário de outras bandas de rock surgidas nos anos 1980, que mudaram a formação ao longo do tempo, os três Paralamas jamais se separaram desde aquele show em um barzinho no Rio, em 1982. “Como continuamos juntos? Isso é um grande mistério, difícil de racionalizar. Acho que a mágica que existe desde o início da banda se mantém, que é essa nossa entrega para a música, esse nosso entrosamento que foi sendo construído”.

Então, podemos esperar mais 30 anos de Paralamas? “Sim, claro! Dependendo da gente, mais 60”, diz Barone, rindo. “Existe um consenso de que no nosso asilo vai precisar ter um estúdio.”

 

JOÃO BARONE COMENTA A DISCOGRAFIA COMPLETA:


Comentários

Uma resposta para “Paralamas trintão…”

  1. Cada um dOs Paralamas do Sucesso é ás em suas especialidades, sendo, o conjunto, um power trio moderno a fretar vôos dentro, e além
    das fronteiras desse País.
    Para difundir música, poesia,
    filosofia, alegria, energia.
    Para tornar, enfim, melhor a vida, ao plantar sonhos, amores, e dar voz aos necessitados, de tudo desprovidos.

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