Paris e Caxias

Paris Foot Gay
Paris Foot Gay

Só para iniciar com uma boa notícia, o Bébel Créteil, time francês de jogadores muçulmanos que se recusou a jogar com o Paris Foot Gay, foi excluído do campeonato – punição mais do que justa. Antes da decisão, o Paris Foot Gay manifestou-se por escrito em seu site, maravilhosamente, afirmando que a questão da homossexualidade nos esportes é hipócrita, e conta com um código de silêncio da parte de todos – mídia, jogadores, dirigentes e entidades oficiais. O PFG menciona o código de silêncio que vigora na máfia italiana, apelidada de Omertá. Enquanto houver este conluio, pior para nós.

Já no Brasil, escrevi aqui ontem sobre a parada gay de Duque da Caxias, idiotamente proibida pelo prefeito local, por força de um lobby religioso, ao que consta. Ainda acho que a proibição militou mais contra o prefeito do que ele imagina, e que a repercussão lhe sairá cara. À noite, recebi uma mensagem convocando a militância para reunir-se naquela cidade, portanto impossível de comparecer.  A convocação mencionava medidas judiciais que seriam promovidas contra o prefeito.

Dou os parabéns à militância, encorajo o movimento visando a realização de uma nova parada, principalmente diante da alegação oficial de que a mesma não se realizou por falta da apresentação de documentos –  permite-nos crer que a apresentação dos mesmo resolveria o problema. Acho que se deve seguir neste sentido, o pedido de uma nova parada, desta vez acompanhado, passo a passo, pela mídia, e com forte e contínua pressão da militância. Não pude concordar, contudo, e respondi a mensagem com meus comentários nesse sentido, com as medidas judiciais sugeridas, que visariam impedir o recebimento de verbas do PAC pelo município, o pedido de uma indenização de R$ 10 milhões, e outras coisas assim.

Sou advogado com 20 anos de foro, e afirmo categoricamente que não creio no judiciário brasileiro. Processo judicial é faca de dois gumes. Um juiz que seja contra o movimento pode dar uma decisão favorável ao prefeito em tempo recorde, e isso seria um triunfo para o outro lado – esse é um risco que não se pode correr. Não tive resposta à mensagem que mandei, mas reitero aqui minha oferta de colaboração, como advogado e blogueiro, ao movimento gay de Duque de Caxias.


Comentários

6 respostas para “Paris e Caxias”

  1. Meu caro, o que vale é não deixar pra lá e ir em frente. Piano, piano… Beijas.

  2. 1 x 0 para o futebol em geral. Vitória da sensatez sobre o preconceito. Ainda tem muito pela frente mas é gratificante saber dessas pequenas grandes batalhas ganhas.

    E o jogo ainda tá rolando no Grande Rio. Aliás, é até meio contraditório ver a cidade de onde vem uma das grandes escolas de samba do carnaval carioca, o reduto dos artistas (principalmente os globais), dando um passo tao retrógrado. Cade a classe artística defendendo a liberdade de expressao?

    Como voce, meu caro amigo Lourenco, também nao coloco muita fé no judiciário brasileiro (e aqui teríamos muito a discutir), apesar de nao ter cursado Direito. Concordo que a estratégia tem que ser outra. Desfavorecer o município financeiramente é injusto com a parte da populacao que apoia a causa.

    Um grande abraco e quando puder manda um pouquinho de calor daí que aqui tá comecando a congelar de novo…

    Rafa.

  3. Tudo de bom né?

    Blogueir, culto, fino e advogado!! Ai, meu Deus!
    E ainda sozinho!! É demais para mim!

    Embarcarei para Sampa agora!! kkkkk… (brincadeira!).

    Abraços, ótimo post!

    Gus

    1. Gus querido – me prometestes meu café e o pão de queijo…

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