O Parlamento da Crimeia convocou nesta quinta-feira (6) um referendo para o próximo dia 16, quando os cidadãos poderão escolher se desejam continuar na Ucrânia ou se unir à Rússia. A informação foi dada pelo vice-primeiro-ministro do governo pró-russo, Rustam Temirgaliyev.
Na semana passada, o Parlamento da Crimeia já havia aprovado a realização de uma consulta para ampliar a autonomia em relação à república ucraniana que tem a maioria de sua população de língua russa.
Fontes do governo pró-russo da Crimeia indicam que o referendo terá duas perguntas: “Você é a favor da reunificação da Crimeia com a Rússia, como parte da Federação Russa?” e “Você é a favor da aplicação da Constituição da Crimeia de 1992 e do Estatuto da Crimeia como parte da Ucrânia?”
Ilegítimo
Em reação, o primeiro-ministro da Ucrânia, Arseni Iatseniuk, disse em Bruxelas que a Crimeia é e continuará a ser parte integrante do país e pediu a Moscou que não apoie o que chamou de governo ilegítimo.
“O referendo é uma decisão ilegítima e não tem qualquer base legal”, disse Iatseniuk, ao se referir à decisão do Parlamento da Crimeia de convocar uma consulta popular sobre uma eventual secessão da península do sul da Ucrânia.
Iatseniuk, que falava ao final de uma reunião com chefes de Estado da União Europeia (UE), desafiou a Rússia a construir uma nova relação com a Ucrânia.
A Crimeia é uma república autônoma localizada no Sul do país e está sob controle de forças pró-russas, que aprovaram hoje um pedido ao presidente russo, Vladimir Putin, para uma união com a Rússia e convocaram um referendo para o dia 16 de março sobre a eventual separação da Ucrânia.
Tensão
A tensão entre a Ucrânia e a Rússia agravou-se na última semana, após o afastamento do ex-presidente Viktor Ianukóvitch e da presença de militares russos na Crimeia, península do sul do país onde está localizada a frota da Rússia do Mar Negro.
A crise na Ucrânia começou em novembro, com protestos contra a decisão de Ianukóvitch de recusar a assinatura de um acordo de associação com a União Europeia e promover uma aproximação com a Rússia. Em fevereiro, após meses de manifestações e confrontos no centro de Kiev, Ianukóvitch foi afastado, com a posse de um novo governo, pró-ocidental.
Confrontos
Os violentos confrontos registrados entre os dias 18 e 20 de fevereiro no centro de Kiev deixaram 100 mortos e 14 feridos que permanecem em estado grave, informou o Ministério da Saúde da Ucrânia.
De acordo com o balanço, a maioria dos manifestantes mortos no dia 20 de fevereiro foi vítima de disparos de franco-atiradores, fixados em edifícios em torno da Praça da Independência, centro dos protestos contra o presidente Viktor Ianukóvitch.
O procurador-geral interino da Ucrânia, Oleg Makhnitski, disse que pelo menos um franco-atirador disparou do topo do edifício do Banco Nacional do país, na Rua Institutskaia. A Procuradoria investiga relatos de que havia franco-atiradores no Hotel Ucrânia e no edifício da Rua Bankovaia.
Segundo Makhnitski, as autoridades determinaram a abertura de um processo judicial contra o chefe de um destacamento das forças especiais do Ministério do Interior na Crimeia, Serguei Avaliuk, identificado como um dos franco-atiradores.
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