Passado e presente

Amir Labaki, que fundou e dirige o festival de documentário É Tudo Verdade, é categórico em afirmar: “O difícil não foi conceber e montar esse festival, lá atrás, e sim torná-lo viável ao longo desses 15 anos. Fico feliz em ver que hoje as pessoas esperam todo ano para assistir a mais uma edição do nosso festival, que tenta jogar luzes sobre o passado, procurando apurar mais o nosso presente”, disse, na quinta-feira (8), na abertura para convidados da 15ª edição do festival internacional.
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O documentário Uma Noite em 67, dos estreantes Renato Terra e Ricardo Calil, foi exibido pela primeira vez, no Espaço Unibanco de Cinema (uma das seis salas que vão mostrar 71 documentários, entre longas, médias, curtas-metragens, de 27 países, até o dia 18 de abril em São Paulo. O festival no Rio começa nessa sexta e vai até o dia 18). O filme conta como foi extremamente disputado o encerramento do 3º Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, que aconteceu em 21 de outubro de 1967.

A noite de abertura do É Tudo Verdade também o foi agitada. Além de Amir Labaki, e dos diretores, Renato e Ricardo, estavam presentes Zuza Homem de Mello (que foi, pasmem, técnico de som do 3º Festival de Música da Record), Jorge Bodanzky (que apresenta seu novo documentário no festival, No Meio do Rio Entre as Árvores), o cantor e compositor Nando Reis, ex-Titãs, que falou conosco, logo após a exibição do filme (Entrevista completa no sábado, aqui no site da Brasileiros), o cineasta Toni Venturi, diversos jornalistas, e os convidados do festival. O público aplaudiu com entusiasmo a primeira exibição do documentário Uma Noite em 67. Se os outros filmes que serão exibidos mantiverem a qualidade do longa, o festival promete muito.

Conversinha entre os compadres

Nossa reportagem acompanhou uma conversinha entre Amir Labaki e Zuza Homem de Mello. Veja a transcrição da conversa e a indicação de Labaki para Zuza de um dos documentários da seleção dos filmes da 15ª edição:

Zuza: Acho que o pessoal gostou?

Labaki: Com certeza. Você já tinha contado essa história no teu livro (A Era dos Festivais – Uma Parábola. Editora 34). O grande mérito do filme foi conseguir entrevistar (as pessoas envolvidas naquele festival) e articular bem o material de arquivo, que é particularmente conhecido. As imagens de bastidores são muito boas. Agora você é o protagonista dessa história (risos), que nos deu o áudio de tudo isso.

Zuza: Não foi bem assim (risos), mas muito obrigado.

Labaki: Tem um filme que acho que você deveria ver que se chama Programa Casé – O que a Gente não Inventa, não Existe (o documentário retrata a vida de Adhemar Casé, pioneiro do rádio e da televisão no Brasil. Ele é avô da apresentadora e atriz, nas horas vagas, Regina Casé), que é muito legal.

Zuza: Obrigado pela dica, vou ver.

Labaki: É muito interessante, e mostra como ele levou as suas experiências do rádio para a televisão. Eu não conhecia essa história.

Alegria, Alegria de Uma noite!

Uma das coisas essenciais em um bom documentário quando usa entrevistas para compor a narrativa do filme, são as histórias contadas. Se elas são boas e saborosas, prende o telespectador de cara. É o que vemos, e muito, no filme Uma Noite em 67, que retrata, como já falamos, a final do 3º Festival da Música Popular Brasileira da TV Record, naquela noite de 21 de outubro de 1967. O filme mostra os bastidores do festival, com as entrevistas que os repórteres da época faziam nos intervalos das apresentações, traz as entrevistas com os cantores e das pessoas envolvidas, como um dos jurados do festival, Sérgio Cabral (o pai), além claro, das apresentações dos cantores naquela noite.

Para se ter uma ideia da qualidade das músicas e dos cantores, os cinco primeiros lugares foram: Ponteio, defendida por Edu Lobo e Marília Medalha, Domingo no Parque, defendida por Gilberto Gil e os Mutantes, Roda Viva, com Chico Buarque e MPB4, Alegria, Alegria, cantada por Caetano Veloso e Beat Boys, além de Roberto Carlos cantando o samba-canção Maria, Carnaval e Cinzas. Uma das muitas histórias saborosas é contada por Sérgio Cabral, que fala que para não apanhar do público, logo após o encerramento das eliminatórias, saía com sua esposa reclamando “Isso é um absurdo, isso é um absurdo”. Segundo ele, isso passava a ideia para o público que esperava do lado de fora do teatro que ele não tinha concordado com nada que os jurados tinham escolhido.

Entrevistamos um dos diretores do documentário, Renato Terra, logo após a exibição do filme (ver entrevista completa no site da Brasileiros, no sábado). Terra estava muito contente com a primeira apresentação. “Cara, isso é uma loucura. Eu jamais imaginei que meu trabalho de conclusão de curso pudesse virar um documentário, e muito menos que, depois de feito, pudesse agradar as pessoas. Estou feliz, muito feliz”, afirmou, entusiasmado.

Se preparem até o dia 18 de abril para assistir a mais uma boa seleção de documentários do É Tudo Verdade e acompanhem tudo aqui no site da Brasileiros.

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