Demorou!
Em agosto passado o presidente Brack Obama, dos Estados Unidos, disse que o uso de armas químicas por Bashar al-Assad, constituiria uma “red line”- uma fronteira a não ser ultrapassada pelo governo sírio. Os acontecimentos imediatamente posteriores à declaração provaram que não era bem assim. Num primeiro ataque de forças governistas foram mortas entre 100 e 150 pessoas- a maioria civis. Os americanos prometeram armar os rebeldes em resposta ao genocídio, mas se passaram meses antes que isso ocorresse, de forma minguada. Agora o mundo recebe confirmações de que o crime foi repetido, com números iniciais de vítimas subindo aos 350. O Departamento de Defesa americano manda o recado de que os aviões americanos estão se preparando ir ao espaço e que Bashar subiu no telhado.
Isso, claro, não quer dizer que o homem forte da Síria vá cair tão cedo. Até que se comecem os ataques de uma possível coligação ocidental contra alvos militares do país, muita água, ou gás, vai rolar. No entanto, com exceção da Rússia, Irã, Coreia do Norte, e mais uns gatos pingados, a comunidade internacional concorda que Bashar precisa ser punido. Usos de armas químicas ou biológicas estão inequivocamente proibidos por tratados aos quais a Síria aderiu. Além do fator humanitário da questão, há também o problema da impunidade gerando qualidade trivial no uso de tais armas. Em se deixando passar mais esse abuso, daqui a pouco qualquer ditador cabeça de lata acreditará que também pode lançar mão do mesmo recurso.
A ação americana, caso venha mesmo a se efetuar, novamente levanta perguntas sempre repetidas por mim em casos semelhantes. Por que os Estados Unidos têm de liderar os ataques? Por que os europeus não tomam a iniciativa, só para variar? Já repararam que nunca aparece um país da Europa dizendo: “Deixa comigo!”, ou “Nós da Grã-Bretanha e nossos vizinhos da França vamos dar um pau nesses atrevidos”. É claro que os americanos, por sua vez, com essa mania de “maior potência do mundo”, correm voluntariando participação. Vão logo arregaçando as mangas e mandando porrada. O Bashar, entenda-se, merece o cacete, mas será que pelo menos dessa vez não daria para a União Européia tocar a briga sem chamar o americano machão do bairro Peixoto?
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