Pé-frio? P#@ nenhuma!


O último título de expressão do Galo havia sido conquistado em 1971, com um time dirigido por Telê Santana. Telê esse que havia ficado marcado com a pecha de “pé-frio” e “azarado” por ter fracassado em duas Copas com seleções que encantaram o mundo em 1982 e 1986. Como Telê, Cuca também era conhecido como “pé-frio” e “azarado”. Até ontem.

Em 1992, Telê – satirizado até mesmo por Jô Soares em um quadro humorístico da televisão – expurgou seus demônios e jogou pra longe a fama do azar. Também era uma final de libertadores, e também foi nos pênaltis. Gamboa bateu, Zetti defendeu e o São Paulo era campeão da América pela primeira vez.

Ontem, Cuca sentiu calafrios quando o primeiro tempo acabou sem gols. Voltou a se desesperar quando o segundo gol não saia e o relógio avançava, cruel. O fantasma do azar voltava a rondar o terreiro do Galo.

Aos 42, Leonardo Silva testou pra rede e colocou o Atlético na prorrogação. Nos pênaltis, o heroico Victor – outro que espalmou de vez a fama de azarado – pegou o primeiro e colocou o Galo na frente. Restou aos torcedores esperar a última bola paraguaia explodir na trave para soltar o grito preso há 42 anos.

Como eles, Cuca chorou e cravou: “Não tem mais azar de porra nenhuma!”. No céu, Telê Santana sorriu orgulhoso de seu time e do destino, que tarda mas não falha em desmistificar antigos conceitos. O azar? Esse não tem mais vez no Atlético Mineiro, definitivamente libertado de todos os fantasmas que insistiam em aparecer. Até ontem, e nunca mais.


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