Mesmo após a Justiça do Rio Grande do Sul proibir a venda de andadores infantis em todo o Brasil, na última segunda-feira (9), a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) avança com campanha pelo banimento moral do produto. O objetivo é fazer com que a sociedade em geral se convença de que o andador é prejudicial ao desenvolvimento de crianças e ainda pode causar lesões fatais. Rui Locatelli Wolf, pediatra da SBP, em 2009 atendeu uma criança que morreu vítima de traumatismo craniano em razão de uma queda do brinquedo. Wolf é um dos pediatras que ajudou na elaboração da ação civil pública contra os fabricantes de andadores,
Em agosto desse ano, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia, Inmetro, testou dez marcas de andadores disponíveis no mercado brasileiro, de fabricação nacional e importada, e todas elas foram reprovadas. Inclusive aquelas que já eram certificadas pela norma europeia vigente, usada pelo instituto nos testes, já que não há uma certificação brasileira. Estas marcas representam mais de 90% do mercado de andadores.
Wolf explica que essa nova certificação pode demorar anos para ser aprovada e que os fabricantes de brinquedos infantis querem normas mais brandas. A Organização Não Governamental Criança Segura, que promove a prevenção de acidentes em crianças e adolescentes, também é favorável ao banimento dos andadores infantis e iniciou a mobilização em conjunto com a SBP e outras organizações com o objetivo de proteger as crianças.
Em países da Europa, embora a venda não seja proibida, há o impedimento moral, onde pais já se conscientizaram e não compram mais os andadores. De acordo com Wolf, estudos publicados indicam que 24 horas em cima do andador leva a 3,3 dias no atraso do desenvolvimento da marcha e a 3,7 dias de atraso no desenvolvimento de postura dos pés.
O Inmetro solicitou à Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) a elaboração de normas para o aparelho. Depois de concluídas, provavelmente no final de 2014, o órgão vai criar um selo de qualidade que será exigido dos fabricantes para que os andadores possam ser comercializados. Requisitos como travas para evitar tombos e um manual com informações sobre montagem e uso seguro dos andadores estarão contemplados no regulamento.
A certificação integra as ações do instituto para segurança infantil, que ainda lidera o ranking de relatos do Banco Nacional de Dados de Acidentes de Consumo, com 14% dos casos. Itens como brinquedos, cadeirinhas de automóvel, mamadeiras, chupetas, carrinhos de bebê, cadeira alta para alimentação e berços são alguns produtos já certificados pelo Inmetro e que só podem ser comercializados no Brasil com selo de qualidade.
Em nota, a Associação Brasileira de Produtos Infantis (Abrapur) diz que está colaborando com o Inmetro para a formulação das regras do setor. “A meta da entidade é que todos os produtos comercializados (nacionais ou importados) tenham o selo de qualidade do Inmetro”. A entidade adiantou que vai cumprir a decisão liminar da justiça gaúcha que proibiu a venda de nove marcas de andadores em todo o país, mas que “trabalhará para derrubar a liminar”.
Mesmo com a liminar da Justiça, é possível encontrar andadores infantis disponíveis no mercado.
(Com informações da Agência Brasil)
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