Pelé aos 70

A saudosa camisa canarinho
A saudosa camisa canarinho

Meus caros,  Pelé está completando 70 anos, e isso nunca poderia passar em branco. Pouco me lembro dele jogando, embora eu tivesse quatro aninhos de idade em 1970, nunca gostei de futebol. O milésimo gol, a despedida, a ida para o Cosmos de Nova York, o casamento com uma loira, esses aspectos chamaram minha atenção, pois pareciam mostrar um fenômeno humano, o homem fora dos campos. Ele era chamado de “O Homem mais conhecido do mundo”, não estou certo se chegou a ser, mas era para mim um orgulho saber que meu conterrâneo era tão famoso. É aquela famosa baixa estima dos brasileiros, que precisam de um ídolo nacional para conseguir existir aos olhos do mundo. Meu pai sempre comentou que tinha voado com ele de São Paulo para Bauru, no final dos anos 1950, quando ele era bem garoto, e depois repetiu a experiência em uma viagem de São Paulo para Nova York, mais de 20 anos depois. Chegando aos Estados Unidos, aproximou-se dele, e comentou sobre o encontro anterior, foi muito bem acolhido, e pediu um autógrafo para mim. Eu o perdi, em alguma de minhas muitas mudanças, mas lembro bem da assinatura dele, com um enorme pingo no ‘e’.

Ele foi eleito um dos 100 homens mais importantes do século XX pela revista Time, e seu perfil foi escrito pelo ex-secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger. Para mim, no entanto, um episódio de sua vida pessoal arranhou sua imagem: a recusa em reconhecer a filha bastarda (o termo nem existe mais) que teve em Santos, mulher simples e corajosa, que tinha o rosto copiado do pai, mas que teve a paternidade aceita pela justiça somente depois de uma longa luta, contestada até o fim. Por que ser tão mesquinho? Sobre o triste envolvimento de seu filho, o goleiro Edinho, com drogas, acho melhor nem falar, pois fico com muita pena dos dois. Mas vou registrar uma homenagem a ele, com satisfação: ele teve a coragem de confessar, em uma entrevista à revista Playboy, que se iniciou sexualmente com outro homem, um gay, que, segundo ele, teria dado para todo o time do Santos. Foi uma declaração corajosa, mesmo nos dias de hoje, quando  preconceito e homofobia ainda imperam no universo do futebol. Vejam aí, um de nossos maiores ídolos transou com um gay, confessou, e levantou a cabeça. Bárbaro. Abraços do Cavalcanti.


Comentários

4 respostas para “Pelé aos 70”

  1. Acho uó ficar observando e corrigindo erros de português( até porque não domino bem o idioma) mas quando alguém o faz, deveria ter o cuidado de não cometer erros crassos.
    O correto não seria “tu possas” ou “tu poderias” no lugar de “tu possa” ou tu poderia”?
    Me corrijam se eu estiver errado.
    Abraços Lourenço e, mais uma vez, parabéns pelo blog.

  2. Tudo bem, Pelé foi o maior jogador de futebol de todos os tempos, o homem mais famoso do mundo, etc, etc etc, mas o fato de ter se negado a reconhecer a paternidade (mesmo depois da comprovação pelo exame de DNA) de uma filha que queria apenas ser reconhecida pelo pai, para mim ele não passa de um pulha.
    P.S. Detesto futebol.

  3. Avatar de Marco Nunes
    Marco Nunes

    Lourenço, fiz aquele teste para saber se os comentários eram moderados, pois não acho necessário que o meu seja publicado.

    Conheci o teu blog há menos de uma semana, e ele já entrou direto pra lista dos favoritos que eu confiro todas as manhãs. Não tinha feito nenhum contato contigo, pq, até então, só acompanhar tuas idéias me bastava.

    Entretanto, como um “chato da língua portuguesa”, me senti na obrigação de te alertar para dois pequenos deslizes ortográficos nesse texto, absolutamente normais, mas para que tu possa corrigir.

    O primeiro é a “baixa auto-estima”, que virou “baixa-estima” no teu texto, e logo em seguida, a “viagem” entre SP-NY, que tu escreveu com J.

    Se bem que tu poderia escrever tudo errado, que tuas opiniões continuariam tendo a mesma validade pra mim, pq são ótimas! Hehehe

    Abraços,

    Marco.

    1. Marcos, erros de digitação e no uso da ferramenta… nós nos viciamos no corretor ortográfico do computador, nem olhamos o que escrevemos, e, pior, não olhamos o que eles deixam passar. Papel e computador aceitam qualquer coisa. Obrigado pela participação.

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