O pantógrafo é um aparelho constituído por quatro barras articuladas, permitindo copiar, ampliar e reduzir figuras, deslocando-as ou redimensionando-as nas proporções desejadas. Foi esse objeto, aparentemente ligado apenas a trabalhos mecânicos ou de usos práticos, que inspirou a nova individual de Artur Lescher.
Intitulada Pensamento Pantográfico, a exposição leva a discussão para novos caminhos e mostra que o princípio do aparelho pode, também, suscitar debates em outros campos – artísticos e filosóficos –, distanciando-se das questões que surgem na mesa de trabalho de um matemático ou engenheiro. “Me interessa como uma coisa pode estar muito retraída e crescer muito; pode se projetar em outra coisa. E também como uma ideia pode se expandir para outra ideia ou voltar para ela”, diz Lescher.
Além das suas obras recentes, a exposição reúne mais dez inéditas na Galeria Nara Roesler, em São Paulo, a partir do próximo sábado (10), às 11h. Assista ao vídeo que a Brasileiros produziu, em que Lescher fala mais sobre:
Lescher retoma o pensamento que deu as bases para o pantógrafo ser criado. “Acho que quando Euclides, na Antiguidade, pensava em semelhança, estava pensando no conceito de igualdade de modo geral.”
Assim, apesar da existência de um discurso por trás de Pensamento Pantográfico, Lescher não espera com ele restringir as possíveis interpretações suscitadas por suas obras. “Em uma exposição, a experiência é de cada um que a vê. Tudo isso que falo pode ser uma grande viagem da minha cabeça. Mas acredito que as obras têm autonomia”.
Com essa mostra, Lescher dá mais um passo em uma trajetória consistente na produção de esculturas e instalações, iniciada nos anos 1980. Ele – que participou duas vezes da Bienal de São Paulo e uma da Bienal do Mercosul – retoma pensamentos de trabalhos anteriores, ao mesmo tempo que avança por novos caminhos. Como na pantografia, expande e retrai, transfere e redimensiona suas pesquisas no campo das artes. “Para entender uma ideia, chegar à outra, usamos esse mesmo deslocamento do pensamento”, conclui.
Ele destaca-se no atual panorama da arte contemporânea brasileira por suas obras tridimensionais. São trabalhos que excedem o caráter de esculturas, cruzam as linguagens da instalação e do objeto para modificar a compreensão destas e do espaço em que se inserem. A exposição fica em cartaz de 12 de agosto a 21 de setembro de 2013.
Serviço
Galeria Nara Roesler
Avenida Europa, 655
abertura
10.08.2013 11h às 15h
exposição
12.08 até 21.09
Mais informações.
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