Destaque de nossa edição número 30 (leia aqui), o jovem bailarino Anderson Lopes brilhou na 10ª edição do Youth America Grand Prix (YAGP). Na disputa entre 300 candidatos, ficou entre os top 12 do ranking – que ainda premiou os três melhores bailarinos do evento com medalhas de ouro, prata e bronze. A performance de Anderson despertou o interesse de várias companhias e ele vai integrar, a partir de setembro de 2010, a Joffrey Ballet Company, de Chicago.
Morador do bairro periférico de Pirituba, na zona oeste de São Paulo, ao longo de mais de dez anos de formação como bailarino clássico, ele enfrentou grandes dificuldades financeiras, muito preconceito, e total falta de apoio de familiares, durante os primeiros anos de formação.
Quando o entrevistamos, estava às vésperas de enfrentar esse momento divisor de sua promissora trajetória. Depois de eliminar mais de 100 concorrentes durante a seletiva nacional, organizada pelo festival Paço das Artes, ele foi credenciado para concorrer na categoria sênior do YAGP, em Nova York.
A porta aberta para disputar a principal categoria, dessa que é a maior competição de estudantes de balé do mundo, foi algo que gerou alegria, expectativas positivas e muita apreensão ao garoto. O credenciamento ao YAGP garantia apenas as passagens de ida e volta e seguiram-se quase seis meses de luta contra o relógio, para obter recursos e ter condições de permanecer em Nova York durante a semana da competição.
O tão esperado momento da apresentação chegou no último dia 27 de março. Dois dias depois, a expectativa da professora Paula Gasparini – que lapidou o talento de Anderson desde os dez anos idade – foi confirmada. O garoto volta ao Brasil com uma valiosa bolsa de estudos que vai aprimorar sua formação, projetá-lo nos principais eventos do balé clássico mundial e, consequentemente, transformar sua vida. Nada mal para alguém que, há menos de um ano, estava convencido em desistir da dança.
Com base em Chicago, Illinois, a Joffrey Ballet Company foi formada, em 1956, pelo bailarino Robert Joffrey, é uma das mais conceituadas escolas de balé dos EUA, e elenca uma série de façanhas pioneiras. Foi a primeira companhia americana a apresentar-se na Rússia e, a convite da primeira-dama Jacqueline Kennedy, foi também a primeira companhia de balé a apresentar-se na Casa Branca. Reconhecida pela importância no desenvolvimento de artistas e coreógrafos do mundo todo, até hoje, foi a única companhia americana a estampar a capa da revista Time.
Durante a semana, o bailarino estava retornando ao Brasil. Conversamos com Roseli Romagnoli, empresária que teve papel fundamental na busca de apoio para a ida de Anderson para Nova York e, empolgada com o êxito do bailarino, ela já começa a se preparar para a nova batalha que será obter recursos para viabilizar a chegada do brasileiro a Chicago, pois a bolsa não prevê cobertura das despesas com a viagem. Mais alguns meses de incerteza, mas, de setembro em diante, as expectativas são as melhores possíveis. De Pirituba para Nova York, de Nova York para Chicago e, por que não dizer, de Chicago para o mundo.
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