Até poderia ser roteiro de um filme de ficção científica, mas pesquisadores holandeses disseram ter encontrado uma forma de apagar memórias indesejadas. Um novo experimento conduzido pela Radboud University Nijmegen, na Holanda, se dedicou a estudar a terapia eletroconvulsiva para destruir essas lembranças. A terapia é a mesma utilizada em tratamento psiquiátrico e conta com a aplicação de correntes elétricas no cérebro, provocando uma convulsão temporária. Tal método é feito sob uso de anestesia e relaxantes musculares.
Usada há mais de 75 anos, a terapia eletroconvulsiva costuma ser encarada com receio por grande parte da comunidade médica que a vê como “antiquada”. Na Holanda, a prática é usada como último recurso para tratar distúrbios como a depressão aguda.
Para o estudo, os médicos usaram a técnica para destruir memórias que foram construídas em pessoas que já faziam tratamentos eletroconvulsivos. Neste caso, os pacientes recebiam dois grupos de fotografias, e cada um deles contava uma história diferente. Depois, os médicos pediam para que os voluntários lembrassem uma das duas histórias novamente, com o objetivo de reativar aquela memória específica. Na sequência era realizada a sessão de eletrochoque.
Segundo os cientistas, os resultados foram impressionantes. Após o tratamento, os pacientes haviam esquecido a história do grupo de fotos que foram indicados a lembrar, pela segunda vez. Já a memória da outra história – que só havia sido vista uma vez – não foi afetada pela corrente elétrica.
O objetivo do estudo, de acordo com os pesquisadores, é que ele possa eventualmente ajudar a tratar pacientes com distúrbios como o transtorno do estresse pós-traumático. Porém, mesmo se a eficácia da técnica for cientificamente comprovada, ainda restam dúvidas sobre as justificativas e implicações de uma prática capaz de destruir memórias.
Os pesquisadores ressaltam que o estudo foi feito com memórias artificiais. Para eles, conexões profundas que existem sob as memórias reais podem ser mais difíceis de apagar.
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