Plataformas de futuro

Conhecer o futuro sempre foi um dos maiores desejos do homem. Ainda não chegamos lá, mas podemos vislumbrar cenários. Há transformações que, a partir do momento em que ocorrem, dificilmente podem ser interrompidas. É o que chamo de fatos portadores de futuro – ou “plataformas de futuro”. São acontecimentos que impactam o presente de forma decisiva e que, por se sustentarem em bases sólidas, têm potencial para estender seus efeitos também sobre o amanhã. Não se trata de fazer previsões e muito menos de apoiar algum determinismo social ou econômico. Esses fatos carregam consigo um poder de transformação para o qual devemos estar atentos. É preciso dar visibilidade a eles. Esse é o objetivo deste novo espaço da Brasileiros.

O primeiro fato de que vamos tratar é a redução da desigualdade no Brasil, processo que se sustenta a partir de um conjunto de transformações estruturais – ou seja, que dificilmente serão revertidas no médio prazo. Controle da inflação, ampliação de programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, aumento do salário mínimo e da remuneração nas ocupações que requerem menos qualificação são avanços que boa parte da população brasileira sentiu na pele – e não está disposta a abrir mão. Esse conjunto de fatores levou a uma forte e contínua queda do fosso social entre ricos e pobres, historicamente uma das maiores do mundo. A redução da desigualdade foi acompanhada pelo aumento generalizado da renda. Todos ganharam. Mas os menos favorecidos ganharam mais. Na última década, a renda per capita dos 10% mais pobres cresceu três vezes mais que a dos 10% mais ricos.

A primeira e mais evidente consequência desse fenômeno é a queda da pobreza. Em uma década, a parcela da população brasileira pertencente às classes D e E caiu de 49% para 24%. Mas o ritmo dessa transformação variou. Áreas historicamente mais pobres – o Nordeste, o interior e as favelas – apresentaram desempenho acima da média nacional.

Os reflexos desse movimento também podem ser sentidos no mercado interno. Nos últimos dez anos, a taxa de consumo das famílias teve crescimento médio maior que o PIB. A incorporação de novos consumidores ao mercado, além de dinamizar o varejo e o setor de serviços, impulsionou a geração de empregos. Emprego formal significa poupança, férias e 13o salário, mas antes de tudo, oferece estabilidade para que o indivíduo se planeje, pense a longo prazo.

Com menos pobreza, maior qualificação e aumento da oferta de empregos formais, diminuiu a aceitação do trabalho precário, principalmente entre os mais jovens. Das mulheres de 48 a 60 anos ocupadas, 16% são trabalhadoras domésticas, número que cai pela metade entre as mais jovens.

A democratização dos espaços de consumo, decorrência direta da redução da desigualdade, tem incomodado a elite. Acostumada à exclusividade, parcela significativa da classe alta considera que a ascensão social restringiu alguns de seus privilégios. Quem nunca ouviu a frase “Este aeroporto virou uma rodoviária” ou ignora a história da turma que foi contra a construção de uma estação de metrô no bairro para evitar o trânsito de pessoas “diferenciadas”?

Apesar da resistência, a redução da desigualdade veio para ficar. Entender suas consequências para o Brasil e para a vida dos brasileiros é fundamental para aproveitar as oportunidades que se abrem.

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Comentários

4 respostas para “Plataformas de futuro”

  1. Avatar de Hugo Pires Lima
    Hugo Pires Lima

    estas informações,tem que ser mais compartilhadas .os nossos parlamentares,devem pedir aos seus assessores ,para enviar pro maior numero possível impreco,para milhões de Brasileiros que não
    acesso a rede.

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