Pluralismo na expressão

Xilogravura sobre impressão digital – Floresta, de 2012.

Gravura, pintura, colagem, ilustração, fotografia, escultura, literatura, instalação… Para alguns, esses são meios de expressão totalmente distintos, que entram em gavetas separadas do mundo das artes. Mesmo ciente das especificidades de cada um, o artista plástico Fernando Vilela prefere pensá-los, em sua produção, de outro modo: como linguagens que dialogam, se misturam e se influenciam. E é desse modo que seu processo criativo resulta em obras híbridas, seja no caso dos livros infantis, com textos e ilustrações, seja nas gravuras e pinturas feitas sobre impressões fotográficas em telas. “Em tudo isso, ativo um mesmo lado lúdico. E acho que no meu trabalho existe um pensamento gráfico que atravessa todas as linguagens.”

Ao se referir ao pensamento gráfico, Vilela fala “em uma linguagem do corte, da sobreposição, e também no contraste, nas estruturas geométricas e em certa agressividade na expressão”. São aspectos notáveis nas obras que expôs na Galeria Virgílio, e também nos trabalhos que estão na Estação Pinacoteca, ambas na capital paulistana. Nesta, três quadros com gravuras feitas sobre fotografias mostram uma visão “escura” da cidade – na qual se confundem as dimensões e os espaços arquitetônicos – e uma xilogravura, nomeada Tsunami, traz um lado mais “orgânico” do artista.

Outra faceta de seu trabalho, mais colorida, Vilela desenvolve com força como ilustrador e escritor de livros infantis, com grande reconhecimento nos últimos anos. Graduado em Artes Plásticas pela Unicamp, em 1995, e mestre pela USP, o artista foi chamado pela Cosac Naify para ilustrar Ivan Filho-de-Boi, livro infantil de Marina Tenório, em 2002. O trabalho agradou e, em 2006, ele lançou seu primeiro livro autoral, Lampião e Lancelote, pela mesma editora.

Ilustração que compõe o livro Lampião e Lancelote, de 2006

A estreia lhe rendeu três prêmios Jabuti, e o livro já vendeu cerca de 50 mil exemplares. “Eu os chamo de ‘livros de arte para criança’, pois não uso uma fórmula tradicional. E isso me deixa entusiasmado, a possibilidade tanto de crianças quanto de professores terem acesso ao trabalho de arte dentro de um contexto literário, em livros que chegam a um grande público nas bibliotecas, escolas, livrarias. Esse trabalho tem um papel de educação do olhar”, afirma.

Aos 39 anos e com uma produtividade intensa e diversificada, Vilela segue se renovando e arriscando em novas praias. Na Virgílio, expôs suas pinturas pela primeira vez. “Tenho focado também em esculturas e instalações”, diz, além de continuar desenvolvendo trabalhos com gravuras, fotografias e literatura. Como sempre ressalta: “Uma linguagem alimenta a outra”.


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