Meus caros, eu detesto falar mal dos outros e de seus projetos. Quem tem espaço na mídia, mesmo que mínimo, tem de ter cuidado e responsabilidade. Quem sou eu para jogar pedra? Mas confesso que fiquei revoltado com a divulgação de uma festa gay “destinada ao público AAA”; entenda-se como um belo babado de biba besta no Buddha Bar, a se realizar na quinta-feira a noite, naquele altar. Os organizadores dizem que essa festa não necessariamente seleciona seu público pelo padrão aquisitivo (tá), “AAA envolve nível cultural”, dizem eles, e não se destina aos “Descamisados da The Week, onde tem público classes B e C também”. Será que vai haver uma prova de ENEM na porta? Só entra quem leu Proust? Tem que mostrar a declaração de IR? Que falta de elegância.
A noite paulistana sempre foi dividida, e, diga-se, democrática, pois tem de tudo para todos. A D-Edge, sexta-feira, é bárbara, e lá ninguém tira a camisa. Sábado, na The Week, quase todos tiram a camisa e se jogam, eu acho isso delicioso. Nenhuma dessas casas escolhe ou exclui seus clientes pela classe social. Alguns acham que tirar a camisa é vulgar, mas quem não quer tirar não é obrigado, eu confesso que tiro a minha, e adoro ficar vendo o corpão dos outros. Não julgo ninguém por isso, o mundo gay sempre foi assim, benza Deus! Os organizadores ficam comparando esse Festim de Balthazar com a The Week, dizendo que “Serão mais isso ou aquilo”. Eu acho que André Almada tem todo direito de sorrir de orelha a orelha, pois essa descrição consagra a TW como referência de lugar de nível, democrático, onde você pode tirar a camisa se quiser, e aonde vai gente de todo tipo. Isso é maravilhoso.
Budhas houve vários na história, embora o mais conhecido seja Sidartha, mas todos eles fizeram do budismo uma religião democrática, acabando com a tirania dos brâmanes sobre o homem comum e pregando o princípio do “Nem tanto ao mar, nem tanto à terra”. Pois essa gente, que se pretende AAA e pinta Budha de dourado, como se fosse o tal bezerro, não entendeu nada disso. Quem quiser ir a essa festa, vá, mas fique por lá!
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