Poesia e força

Dia desses eu estava dentro do carro, enfiado num congestionamento em São Paulo, era sexta-feira e o trânsito, como sempre, estava péssimo. No rádio ligado em uma emissora FM, acaba um programa e começa outro, sai um locutor, entra uma locutora. Antes de anunciar as músicas ela fala sobre a sexta-feira. Diz que é o dia em que as pessoas ficam mais estressadas dentro dos carros. Irritadas, impacientes, buzinam e xingam, querem chegar logo em casa. A moça no rádio recomenda tranquilidade e, para reforçar, fala que aquele dia, ao chegar no estúdio, acalmou-se folheando uma revista, lendo uma poesia lá publicada:

“Lembra o tempo
que você sentia
e sentir
era a forma mais sábia
de saber
e você nem sabia?”

Ouvi atentamente, dentro do carro, no meio do congestionamento. E mais que calmo – como recomendava a locutora – fiquei orgulhoso. Porque a revista que a moça do rádio leu, enquanto esperava para assumir seu turno, outra não era que não a Brasileiros e a poesia – da curitibana Alice Ruiz – era a que tinha sido publicada na edição de maio, numa nova seção que inauguramos em parceria com a Casa das Rosas, de São Paulo.

Foi uma singela demonstração de que estamos nos fortalecendo. De que, ainda jovens – vamos fazer dois anos no mês que vem -, temos bons motivos de orgulho.

E dentre esses motivos estão nossos parceiros e colaboradores, fundamentais para a caminhada que nos propusemos, como, por exemplo, Ricardo Kotscho e Manoel Marques, os autores da reportagem de capa desta edição, um exemplo de força e de sensibilidade.


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