Polícia Civil confirma que dançarino levou tiro

Mãe do dançarino presta depoimento/ ABr
Mãe do dançarino presta depoimento/ ABr

A Polícia Civil confirmou nesta quarta (23) que o dançarino Douglas Rafael da Silva foi atingido por um tiro. A informação foi divulgada nesta tarde pelo titular da Delegacia de Ipanema (13ª DP), Gilberto Ribeiro.

O dançarino foi encontrado morto na manhã desta terça (22) em uma creche no Morro Pavão-Pavãozinho, na zona sul do Rio de Janeiro. A mãe do dançarino e moradores da comunidade acusam a PM pela autoria do crime. Laudo preliminar do Instituto Médico-Legal (IML), feito na noite de ontem, já havia mostrado que Douglas morreu devido a uma hemorragia interna decorrente “de laceração pulmonar proveniente de ferimento transfixante do tórax”.

A morte do rapaz motivou protesto de moradores do Pavão-Pavãozinho, que desceram o morro e tentaram interditar ruas da região, sendo impedidas por um forte contingente policial. Os policiais atiraram bombas de efeito moral, gás de pimenta e dispararam balas de borracha para dispersar os manifestantes. Um homem morreu no confronto.

Tortura

A mãe de Douglas Rafael da Silva disse nesta quarta (23) que o filho foi torturado. Maria de Fátima da Silva prestou depoimento na Delegacia de Polícia de Copacabana (13ª DP). Segundo ela, Douglas tinha marcas de cortes, agressões e pisadas de bota. O laudo do Instituto Médico-Legal (IML) mostrou que o rapaz foi morto por causa de uma perfuração no pulmão.

“Tenho certeza absoluta de que ele foi torturado. Ele estava muito machucado. Alguma coisa perfurou ele no tórax e isso causou uma hemorragia interna. Tinha muita marca de bota”, disse. De acordo com Maria de Fátima, moradores relataram ter ouvido Douglas gritar, como se estivesse sendo torturado, entre o final da noite do dia 21 e o início da madrugada do dia 22.

Ela mesma só soube da morte do filho por meio de moradores do Pavão-Pavãozinho. Maria de Fátima diz que pessoas da comunidade viram policiais militares fazer um cordão de isolamento ao redor da Creche Paulo de Tarso, onde o corpo de Douglas foi encontrado, para que ninguém se aproximasse do local.

Intrigados com a presença de diversas pessoas no local e ao tentar entender por quê, moradores descobriram o corpo por volta das 9h de ontem, conforme ela. De acordo com a mãe do dançarino, policiais militares tentaram modificar a cena do crime antes da chegada da perícia da Polícia Civil no final da manhã. 

“Por que meu filho estava molhado? Não estava chovendo. Quando viram que ele era da Globo, que ia dar ruim, começaram a desfazer o local. Meu filho lutou muito e foi arrastado. Tinham marcas de sangue na creche. Estavam esperando ele morrer. Meu filho agonizou até a morte”. Maria de Fátima acredita que o corpo do filho teria desaparecido, não fosse o protesto dos moradores:

O comandante das unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), coronel Frederico Caldas, disse que houve um tiroteio na comunidade por volta das 22h, mas não foi registrada nenhuma vítima. A Polícia Militar, segundo Caldas, só tomou conhecimento oficialmente de que havia um corpo na creche por volta das 10h do dia seguinte.

De acordo com Caldas, não há como os policiais militares terem mexido no corpo, porque eles entraram na creche junto com policiais civis, que estavam na comunidade para fazer uma perícia do tiroteio ocorrido no dia anterior.

 


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.