Cinco aviões C-54 da Força Aérea Brasileira levantaram voo na segunda-feira 24 de maio de 1965 rumo ao Caribe com 181 militares a bordo e uma missão controversa: apoiar a invasão dos Estados Unidos à República Dominicana. Um grupo precursor, com 21 brasileiros, já se encontrava na capital Santo Domingo.
No decorrer daquela semana, novos voos com homens e equipamentos seguiram para a República Dominicana. No total, mais de mil militares brasileiros participaram da contenção ao movimento contra o golpe militar que tinha derrubado o presidente eleito Juan Bosh, defensor da reforma agrária.
O apoio do Brasil à invasão da República Dominicana foi uma espécie de contrapartida à ajuda americana na derrubada do presidente João Goulart. As negociações se deram entre dois amigos desde os tempos da II Guerra Mundial: o ditador Castello Branco e Vernon Walters, adido militar dos Estados Unidos.
Naquela altura, Cuba já tinha se alinhado com o bloco comunista, liderado pela União Soviética. No polo oposto, os Estados Unidos continuavam a adotar com a América Latina a política do big stick (grande porrete), apregoada pelo presidente Theodore Roosevelt: “Fale macio, carregue um grande porrete e irá longe”.
No papel de ajudantes da repressão, que durou 16 meses, os militares brasileiros atraíram sentimentos similares aos destinados aos americanos. O repórter José Maria Mayrink, que esteve no país um ano depois da invasão, lembra-se de ver inscrito em muros “yankees go home”. Ele também viu “brasileños go home”.
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