Há alguns dias, o Paulinho1 Fluxus estava em casa e me falou de um show na USP para a calourada, a greve, um show protesto. Eles tinham pensado em convidar o Caetano Veloso, mas a Tulipa Ruiz lembrou que a Banda Isca estava mais perto e mais fácil. E tinha aquele negócio da música do Itamar Assumpção “e se chamar a polícia, a boca espuma de ódio!” (Nego Dito).
Ela disse que se a gente fosse, ela ia. Achei demais, e falei pro pessoal da banda (Paulinho2, Vange, Jean, Suzana e Marquinhos). Como vamos fazer um show junto com o Arrigo Barnabé no Rio, ele estava na área e crocodilou imediatamente. A Patife Band do Paulinho3 Barnabé se mostrou propensa de cara, e o BNegão, por que não?
Para completar, estive no Recife tocando com o Ortinho e encontrei o Can, há muito diretor de palco do RecBeat, e eterno técnico de som da Isca. Comentei sobre o show da USP e ele logo que chegou em SP ligou pro Paulinho2 e disse: “estou nessa”.
O resultado foi uma noite maravilhosa em que teve até a cerveja, o caminhão de trio elétrico e os banheiros químicos que estavam proibidos até em cima da hora. Para quem tocou, a molecada reservou um camarim montado no prédio que o Artigas fez para a FAU com vinho, cerveja, água, biscoitos e frutas trazidos por mocinhas de chinelinho e rapazes de barba.
Can fez de tudo para arrancar som do caminhão, e pela cara das pessoas na plateia, rolou legal. Conversando com os carinhas todos, ficamos estarrecidos com os comentários. Eles se lembram com respeito de relatos dos pais, amigos dos pais, funcionários, de shows memoráveis que aconteceram no campus. Astor Piazzola tocou ali, apontavam, o Milton Nascimento não sei aonde. Contam como se fossem relatos de lendas de tempos imemoriais.
Nós fomos tocar por simpatia e empatia com uma universidade livre em todos os sentidos. Mas foi bem estranho sabermos que eles têm fome até de música, de shows. Parecia um sertão que, se não virou mar na noite de 29 de fevereiro de 2012, virou Itamar. Com direito a crocodilos e outras ousadias. A luta continua.
Deixe um comentário