Por que a Estação

A Estação Antártica Comandante Ferraz e o navio polar Ary Rongel são hoje as peças fundamentais para que a presença brasileira no continente antártico garanta não apenas o desenvolvimento do conhecimento científico, mas justifique e confirme a participação do Brasil como membro consultivo do Tratado da Antártica. Afinal, são 25 anos de operações na Antártica, iniciadas em dezembro de 1982, com uma expedição que contou com o Barão de Teffé, primeiro navio polar da Marinha, e com o navio Professor W. Besnard, da Universidade de São Paulo (USP).

Essa expedição foi a primeira ação prática do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), criado, por decreto, em 12 de janeiro de 1982. Uma das principais metas dessa expedição era estudar os lugares onde o Brasil implantaria sua estação polar, o que só ocorreu com a Operação Antártica II, realizada nos primeiros meses de 1984. O Teffé, além dos 11 integrantes do grupo base pioneiro, levava a bordo oito contêineres de aço, a partir dos quais seria montada a base para a construção da Estação. A escolha foi feita pelo então capitão-de-corveta Edison Martins, fuzileiro naval e primeiro chefe da estação, depois de alguns dias de navegação pela região. O lugar, a Península Keller, na Baía do Almirantado, Ilha Rei Jorge, a exatos 62°05′ S e 58°23,5′ W, se mostrou, ao longo do tempo, um achado, pois permitiu não apenas a instalação dos oito contêineres (em apenas 11 dias de trabalho), mas também as ampliações realizadas até hoje, como a renovação e modernização que estão sendo concluídas este ano. Hoje a estação tem 2.410 metros quadrados de área útil.
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“A existência da Estação Antártica Comandante Ferraz e as pesquisas científicas realizadas no começo de 1984 permitiram que o Brasil, que aderira ao Tratado Antártico em 1975, fosse admitido como membro consultivo em setembro do mesmo ano”, lembra o almirante Dilermando Ribeiro Lima, que assumiu o cargo de secretário da Comissão Interministerial dos Recursos do Mar no segundo semestre de 2007. Dilermando, a quem o Programa Antártico está subordinado, esteve em janeiro durante duas semanas na estação e destaca a importância das pesquisas que têm sido realizadas nesses 25 anos. “O verão de 2007/2008 integra o IV Ano Polar Internacional. Dezenove projetos científicos, englobando cerca de 150 cientistas e pesquisadores, estão sendo realizados, a partir da EACF, do navio Ary Rongel, de refúgios permanentes como o Emilio Goeldi, na Ilha Elefante, e em mais quatro acampamentos. Isso mostra a importância que o Brasil dá, e é reconhecida pelos demais membros do Tratado Antártico”, afirma o almirante.

A reforma e ampliação da Comandante Ferraz, que já sofria os efeitos do tempo, foi projetada pela arquiteta Cristina Engel de modo a otimizar a área já ocupada pela estação, minimizando os efeitos ao meio ambiente e à região. A EACF continuará recebendo até 30 pesquisadores, que se somarão aos dez militares da Marinha integrantes do Grupo Base. Com a presença dos engenheiros, técnicos e operários do Arsenal de Marinha, responsáveis pela execução das obras, esse número pode chegar a 60, como vai ocorrer do final de janeiro até fevereiro.

O conforto propiciado pelos novos camarotes, a nova sala de refeições e estar, sala de internet, biblioteca e computadores, academia de ginástica e novos laboratórios, garante que a presença brasileira na Antártica será cada vez maior e melhor. Só falta a incorporação de um novo navio polar, mais voltado para a pesquisa, deixando ao Rongel as tarefas de apoio logístico e de abastecimento.


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