Bateu na trave. No último domingo, dia 27 de novembro, quando o Sport Club Corinthians Paulista, ou simplesmente Timão, terminou a partida, ele era o virtual campeão do Brasileirão 2011. Era. Porque aos 45 minutos do segundo tempo, Bernardo, jovem revelação do Vasco, adiou a festa corintiana com um gol salvador. Os cariocas ainda têm chances matemáticas de ganhar o título. Basta vencer o Flamengo no próximo domingo e torcer por um tropeço dos paulistanos contra o arquirrival Palmeiras.
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De qualquer modo, as chances corintianas são bem maiores e, se tudo correr como espera o presidente do time, Andrés Sanchez, o Corinthians levantará a taça de campeão. Aliás, esse será o último ato de Andrés como presidente do clube, uma trajetória que começou há quatro anos e que nem sempre foi tão simples.

Em dezembro de 2007, o Corinthians chegou ao fundo do poço. Rebaixado para a segunda divisão do campeonato brasileiro, o time tinha seu ex-presidente, Alberto Dualib, acusado de estelionato – acusação que resultou na condenação a três anos de prisão, em regime aberto, por crimes de estelionato. Não era só o futebol que ia mal, o clube, como um todo, enfrentava sérios problemas.

Na época, Andrés Sanchez, acabara de assumir a presidência do clube. Apesar da identificação com a torcida, era visto com muita desconfiança, já que as acusações envolvendo Dualib também pesavam sobre ele. Andrés foi apontado como cúmplice de negociações suspeitas envolvendo Kia Joorabchian, empresário iraniano e parceiro do Corinthians, que usaria o time para lavar dinheiro da máfia russa.

 

Os anos passaram, a desconfiança em relação a Andrés também. Ele ainda é acusado de realizar negócios escusos. O Itaquerão, novo estádio do clube e casa da abertura da Copa do Mundo de 2014, estaria entre as ações mais suspeitas do presidente. No entanto, sua direção foi responsável por transformar o Corinthians em um dos times mais modernos do Brasil, com um departamento de marketing que tem realizado pequenos milagres, como, por exemplo, a contratação de Ronaldo Fenômeno, em 2009.

A Brasileiros de dezembro, número 53, traz uma entrevista com Andrés Sanchez, assinada pelo são paulino Ricardo Kotscho, pelo palmeirense Alex Solnik e pelo corintiano Nirlando Beirão. Confira abaixo algumas frases destaque do bate-papo com o controverso presidente.

A Fiel torcida

– O Corinthians tem a maior colônia em todos os segmentos, até na italiana. Dos árabes acho que é 100%. Tem todos os segmentos, até italiano…
– Ficamos 25 anos sem ganhar o título e foi a torcida que mais cresceu. A tese de que só cresce com título… A torcida cresceu bastante sem título.
– A minha torcida de coração é o Pavilhão 9. Mas eu frequento muito a Gaviões da Fiel. Eu era fundador monetário da Pavilhão 9. Hoje no Pacaembu, vira e mexe eu assisto ao jogo da arquibancada.

Imprensa
– E foi quando eu rompi com o Clube dos 13. E negociei sozinho. E, indiretamente, todos os clubes negociaram sozinhos. Eu não tenho nada contra Record, RedeTV!, não tenho nada. Eu só quis o bem do Corinthians. E a maneira de ver o bem do meu clube é negociar direto.
– Eu quero 1 bilhão. A Globo quer pagar 1 milhão. E eu preciso vender e ela precisa comprar. É negociação de gangster. Mas daí a dizer que eu chamei a Globo de gangster…
– Hoje, a imprensa mudou muito comigo. Mas eu fiquei dois anos aqui, dois anos e meio massacrado.

O clube
– Não tem reeleição, o presidente não indica mais conselheiros, o conselheiro é eleito pelos sócios, o presidente é eleito pelos sócios. É o estatuto mais democrático do futebol brasileiro.
– Eu peguei o Corinthians quando faturava 60 milhões por ano em 2007 e vai fechar 2011 com 300 e pouco.
– Todo jogador que não dá certo é uma péssima contratação. Jogador é um ser humano. Às vezes, você contrata um diretor pro teu jornal que passou seis meses e você fala: “Puta merda, eu pensei uma coisa e deu outra”. Só que ninguém fala nada. Eu contrato um jogador, ele dá errado, sou chamado de incompetente, tem esquema com o empresário…
– A grande mudança vai ser a partir do ano que vem.

Copa do Mundo
– O brasileiro é apaixonado por futebol. Um jogo a mais, um jogo a menos não vai mudar a hora do Brasil. O que é bom da Copa do Mundo é o legado que vai deixar. Então, a população tem de brigar pelo legado, pelo estádio, pela estrada, pelo aeroporto, pela ponte, pelo hospital, pelo hotel.

Título
– Se eu não for campeão, eu fui incompetente porque mantive o treinador. Se eu tivesse mandado o treinador embora por pressão da torcida, o Andrés é mandado pela torcida. Onde eu for, tomo porrada.

Política
– Nunca vou entrar na política! Nem vereador, nem deputado, nem governador.


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