É possível ser competitivo sem ser predador?

No próximo mês de junho acontecerá em Brasília o I Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade. Organizado pela Atitude Brasil, o evento é tão importante que vai ter a presença até de ganhador de Prêmio Nobel. Rajendra Pachauri, presidente do IPCC – sigla em inglês para Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas -, que recebeu o Nobel da Paz no ano passado, é um deles. E Muhammad Yunus, dono do Grameen Bank, o banco dos pobres em Bangladesh, ganhador do prêmio em 2006, é o outro.

O objetivo do encontro é ampliar a difusão do conceito de sustentabilidade e traduzir melhor a idéia, ainda não devidamente compreendida. Outros novos conceitos também tiveram difícil entendimento. Foi assim com a ecologia, lá por volta de 1870, e também com o meio ambiente, mais tarde. Havia dificuldade em entender seu significado. Bem menos difícil era dar cabo daquilo. Indivíduos, movidos pela ignorância, Estados, pelo poder, e indústrias, pelo lucro absoluto, passaram gerações e gerações vendo até onde o mundo agüentaria. Dizia-se que aquele era o preço para o progresso, para o desenvolvimento.
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Foram necessários a morte de alguns rios e o ar cada vez menos respirável para que houvesse um lento entendimento do que era ambientalismo e, principalmente, de quais eram os limites do meio ambiente. Por força de uma sociedade mais iluminada, substituiu-se a noção de preço para o progresso pelo conceito de desenvolvimento sustentável, no qual os recursos naturais eram encarados de uma maneira menos predadora. A sustentabilidade, digamos, é uma evolução dessa espécie. Com um conceito mais amplo, agrega às preocupações com o meio ambiente também as preocupações sociais e as econômicas. Ou seja, não adianta combater a fome se não há preocupação em preservar a Floresta Amazônica nem em reduzir a emissão de poluentes.

E de nada adianta preservar a Amazônia e cuidar da poluição se não se combate a fome. Ou se não se fica indignado perante situações como a retratada na foto desta página. Quando definimos, na primeira edição de Brasileiros, em julho de 2007, o tipo de jornalismo que pretendíamos praticar, dissemos acreditar na possibilidade de sermos competitivos sem sermos predadores. E isso, para nós, é um razoável significado para sustentabilidade.


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