Como já era de se esperar, o grande vencedor da noite, da 83ª edição do Oscar, a maior festa do cinema americano, que aconteceu na madrugada desta segunda-feira (28), no Kodak Theatre, em Los Angeles, foi o filme O Discurso do Rei, de Tom Hooper, que levou quatro estatuetas para casa: Melhor Filme, Melhor Ator (Colin Firth), Melhor Diretor (Tom Hooper) e Melhor Roteiro Original. O longa ganhou quatro das cinco categorias consideradas mais nobres do Oscar, deixando de estar na galeria dos Top Five (Filme, Diretor, Ator, Atriz e Roteiro Adaptado ou Original), por não ter uma atriz principal concorrendo.
O filme A Rede Social, de David Fincher, franco favorito para a festa de ontem antes dos prêmios dos Sindicados (PGA, DGA e SAG), foi o perdedor da noite, apesar das três estatuetas para Roteiro Adaptado, Montagem e Trilha Sonora, secundários se comparados às de O Discurso do Rei. A conclusão que fica é que o Oscar não é dado a surpresas e segue, na maioria das vezes, o que é ditado pelos prêmios dos Sindicatos dos Produtores, dos Diretores, dos Atores, dos Roteiristas, dos Diretores de Arte, dos Fotógrafos, entre outros. Além, é claro, das campanhas de divulgação milionárias dos filmes que os produtores e estúdios fazem antes da votação dos membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos, como foi dito em matéria aqui no site da Brasileiros.
Os Prêmios dos Intérpretes
Nesse ano, os filmes que concorriam ao Oscar trouxeram grandes desempenhos dos atores, que ajudaram a valorizar uma safra de produções apenas razoáveis, na média. Na categoria de Melhor Ator, vencido com mérito por Colin Firth, pela brilhante performance em O Discurso do Rei, dois outros concorrentes poderiam ter ganhado o prêmio, sem cometer injustiças com Firth, como é de praxe na história do Oscar. O ator espanhol Javier Bardem, pela sua tocante composição de pai fracassado no filme Biutiful, e Jeff Bridges, que deu outras nuances (leia-se dimensões humanas) ao seu personagem Rooster Cogburn, no filme Bravura Indômita, remake dirigido com segurança pelos irmãos Joel e Ethan Coen.
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Na categoria de Melhor Atriz, vencida merecidamente por Natalie Portman no filme Cisne Negro, de Darren Aronofsky, havia uma possibilidade não remota, diga-se de passagem, que os membros da Academia decidissem premiar Annette Bening, pelo filme Minhas Mães e Meu Pai, de Lisa Cholodenko, pelo fato de Annette ser uma atriz mais velha e já ter concorrido quatro vezes, sem nunca ter vencido. Mas prevaleceu o bom-senso de premiar Natalie Portman pelo difícil papel de uma frágil e perturbada bailarina.
Entre os prêmios de ator e atriz coadjuvantes, os vencedores eram quase certos: Christian Bale, pelo papel de ex-boxeador e viciado em crack em O Vencedor, e Melissa Leo, como a mãe autoritária e sem noção pelo mesmo filme de Bale. Cabe aqui uma ressalva: o prêmio dado para Bale foi mais que merecido, mesmo que alguns críticos preferissem o desempenho do ator Geoffrey Rush, como o professor que ajuda o Rei George VI de se livrar da gagueira. A única atriz coadjuvante que poderia vencer Melissa Leo sem cometer injustiça seria Jacki Weaver, como a mãe superprotetora e amoral no filme Animal Kingdom (ainda sem tradução para o Brasil).
Oscar para o Brasil? Não foi dessa vez…
Nesse ano, nós, brasileiros, tivemos um interesse ainda maior para acompanhar a entrega das estatuetas da 83ª edição do Oscar pela participação do filme Lixo Extraordinário, que concorria na categoria de Melhor Documentário. O filme, como todos já sabem, foi uma produção Brasil-Inglaterra, o que gerou muitas polêmicas no País (leia matéria da edição de fevereiro da Brasileiros). O longa registra a experiência do artista e fotógrafo Vik Muniz com alguns catadores de lixo, ou melhor dizendo, catadores de materiais recicláveis, no maior aterro de lixo da América Latina, Gramacho, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.
Independentemente da torcida e do otimismo dos participantes do filme, como o próprio Vik Muniz, João Jardim, um dos codiretores do filme, e de Tião dos Santos, o principal personagem do documentário, que esteve na cerimônia, as chances do filme vencer eram mínimas. Como já havíamos falado em outra matéria no site da Brasileiros, o filme tinha como concorrente o americano Trabalho Interno, de Charles Ferguson, que faz um preciso diagnóstico da crise financeira de 2008 que assolou o mundo, em particular os países desenvolvidos e que repercute até hoje. O filme consegue explicar, para a maioria dos leigos no assunto de finanças e economia, o que levou o mundo a crise de 2008. Trabalho Interno tinha vencido na categoria de Melhor Documentário do Sindicato dos Produtores (PGA, sigla em inglês), e confirmou a vitória no Oscar. Fica para a próxima, Brasil.
A lista completa de vencedores da 83ª edição do Oscar:
– Melhor Filme: O Discurso do Rei
– Melhor Diretor: Tom Hooper, por O Discurso do Rei
– Melhor Ator: Colin Firth, por O Discurso do Rei
– Melhor Atriz: Natalie Portman, por Cisne Negro
– Melhor Ator Coadjuvante: Christian Bale, por O Vencedor
– Melhor Atriz Coadjuvante: Melissa Leo, por O Vencedor
– Melhor Roteiro Original: O Discurso do Rei
– Melhor Roteiro Adaptado: A Rede Social
– Melhor Filme Estrangeiro: Em Um Mundo Melhor, Dinamarca
– Melhor Trilha Sonora: A Rede Social
– Melhor Canção Original: Toy Story 3, com We Belong Together
– Melhor Fotografia: A Origem
– Melhor Montagem: A Rede Social
– Melhor Direção de Arte: Alice no País das Maravilhas
– Melhor Figurino: Alice no País das Maravilhas
– Melhores Efeitos Especiais: A Origem
– Melhor Animação em longa-metragem: Toy Story 3
– Melhor Animação em curta-metragem: The Lost Thing
– Melhor Mixagem de Som: A Origem
– Melhor Edição de Som: A Origem
– Melhor Maquiagem: O Lobisomem
– Melhor Curta-metragem: God of Love
– Melhor Documentário em curta-metragem: Strangers No More
– Melhor Documentário: Trabalho Interno
MAIS OSCAR
– Site oficial da 83ª edição do Oscar
– Hotsite especial do iG sobre o Oscar
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