Na noite da última segunda-feira, 17 de setembro, o auditório do MIS (Museu da Imagem e do Som) abriu suas portas para uma arte diferente daquela que o museu está acostumado, a literatura infanto-juvenil. A Fundação SM recebeu escritores e convidados para o aguardado anúncio do vencedor do 8º Prêmio Barco a Vapor, um dos mais prestigiados da categoria e que, além de publicar a obra do vencedor, também da a premiação de R$ 30 mil em adiantamento dos direitos autorais. Além da premiação, a festa também contou com uma merecida homenagem a atual presidente da Acadêmia Brasileira de Letras, Ana Maria Machado, além de temática escolhida em referência ao emblemático livro Contos da Infância e do Lar, dos Irmãos Grimm e que em 2012 completa 200 anos de sua publicação.
Chamada ao palco, Ana Machado confidenciou que sua ligação com a literatura infanto-juvenil começou quase que por acaso, após ser convidada por uma publicação recém-lançada a escrever um conto para a edição de número 0. não demorou para que ela se apaixonasse pelo estilo. “Gosto do desafio de escrever em uma linguagem simples, mas em uma estrutura literária rica, plurificada em significados”. Perguntada sobre de onde viria suas histórias, Ana Maria deu bela resposta ao afirmar que essa não é a questão, o grande segredo e atentar a como essas histórias entram em você, o que em sua volta te inspira.
No segmento da noite que, entre um convidado e outro chamado ao palco, contava com um quinteto tocando temas de fábulas dos Irmãos Grimm, teve os escritores Fernando Paixão e Ricardo Azevedo explicando seus critérios para a escolha do livro vencedor do Barco a Vapor. “Meu objetivo como jurado acho que foi, principalmente, tentar escapar das tendências”, comentou Paixão. Quem também falou um pouco do prêmio e da importância na carreira de um escritor foi maria Pilar, presidente da Fundação SM. “É um reconhecimento da qualidade, criatividade e de todas as características que formam um escritor”, ponderou.
Antes do anúncio do grande vencedor da noite, uma figura peculiar entrou no palco e, de forma descontraída foi respondendo a perguntas para que, depois de algum tempo, a platéia tentasse descobrir de quem se trata: o Flautista de Hamelin, personagem de famoso conto dos Irmãos Grimm que, após salvar a cidade de Hamelin de uma infestação de ratos e receber um “calote” dos moradores, acaba raptando e pretendo as crianças do local, tudo isso usando sua flauta enfeitiçada. Em brincadeira divertida, antes de sair do palco ele pediu o cachê por participar do evento. Melhor pagar, ele não gosta de ser passado para trás…
Finalmente, Claudia Mesquita, coordenadora de literatura da SM, subiu ao palco com o aguardado envelope na mão. O prêmio vai para… Marcilio Godoi pela obra A inacreditável história do diminuto sr. Minúsculo, com direito a entrega feita por ninguém menos que Ana Maria Machado. A Brasileiros conversou brevemente com o vencedor nessa quinta-feira e ele falou um pouco da importância e da emoção que foi a conquista. “Minha formação é híbrida, me formei arquiteto e depois estudei jornalismo, então, fui começar a carreira de escritor tarde, então, sou um senhor escritor mas com uma obra pequena e é claro que as vezes fico um pouco inseguro em relação as minhas escolhas. Um prêmio desses é para mim uma espécie de reforço íntimo, provando que eu tomei o caminho certo, uma voz dizendo ‘voz é artista sim, você é um escritor, pode continuar com seu trabalho’”.
Foram mais de 700 obras enviadas ao todo e, segundo os jurados confidenciaram a Godoi, a escolha foi unânime. Pensando no futuro o escritor também disse esperar uma maior visibilidade em cima de seu trabalho com a publicação de sua obra. “No mundo de hoje, com as novas mídias, principalmente o Facebook, nem os blogs mais estão sendo lidos, as pessoas só querem ver as pequenas mensagens de Facebook, fotos alheias, Instagram… A gente fica sem visibilidade”, analisou.
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