À procura da utopia perfeita

Olhar para frente, mas com os pés firmes na realidade. É essa a proposta do 10º Mercado Cultural. Com o tema “Utopias para um Futuro Presente”, o evento busca aprofundar a criação de novos territórios de diálogos entre diferentes culturas. No meio do corre-corre de caravanas, shows e oficinas, a reportagem do site da Brasileiros saiu à caça das utopias pessoais de artistas e convidados.
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Para Eliseo Parra, da orquestra espanhola de percussão, Coetus, é hora do planeta mudar de rumo. “Creio que estamos caminhando para uma direção equivocada”, afirma. Para ele, a saída está no retorno às raízes. À frente do Coetus e em sua trajetória solo, Parra tem colocado sua utopia em curso, ao resgatar o genuíno folclore espanhol.

Conviver em um mundo melhor é o que espera DJ Tudo, que agitou a noite de sábado no Mercado Cultural. Conhecido por misturar sonoridades diferentes, como o cancioneiro tradicional brasileiro com música eletrônica, ele diz que é preciso aprender a respeitar as diferenças. “Os principais problemas que o mundo enfrenta hoje estão ligados à incapacidade de olhar o outro, de aceitar o diferente”, diz. Utopia que DJ Tudo busca traduzir em sua música ao reunir o que não se pensava possível estar junto.

Utopia na visão de Ivan Ferraro, diretor da Feira de Música de Fortaleza, diferentemente de um sonho irrealizável, é algo bem possível. “Estou vivendo hoje o que almejei no passado”, explica. Ele vislumbra para o futuro relações humanas regadas a fartas doses de entendimento e tolerância. “É possível vivermos com mais equilíbrio”.

Mais politizado, o diretor do centro de música da Funarte, Tiago Cury, diz que estaria contente com um órgão público para a cultura que abarcasse as especificidades e as demandas reais de quem está na ponta produzindo. “Queria que existisse força política e mobilização da sociedade civil na direção de uma economia da música”, diz. Ele reconhece que o momento é propício para executar sua utopia. “O MinC tem uma postura vanguardista, tem dado espaço para novos modelos e ações que estão reorganizando o capital político.”

A questão política e o atual cenário econômico americano também estão no centro das utopias do jornalista e produtor musical americano, Gerald Seligman. “Nos EUA, a extrema direita e a xenofobia avançam com força, mas tenho esperança de que o multiculturalismo vença”.

“Minha utopia é ser feliz”, resume a bela cantora espanhola Judit Nederman. “Para mim, basta estar com as pessoas que eu amo e fazer música”. Pela primeira vez no Brasil, Carmem Souza, cantora de Cabo Verde, que vive atualmente em Londres, sonha com mais paz para a humanidade. “Precisamos repensar nossas prioridades, buscar menos o material e mais o espiritual”, diz.

Sonhos possíveis.

Salvador é uma festa


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