Professores em greve e integrantes do Black Bloc participaram ontem (30) de uma manifestação em torno do prédio da Câmara Municipal do Rio, na Cinelândia. O protesto começou nas primeiras horas da manhã, com representantes do magistério chegando em grande número para apoiar um grupo que estava acampado do lado de fora do Palácio Pedro Ernesto, desde que foram expulsos do plenário da Câmara, na noite de sábado (28), pela Polícia Militar (PM).
O ato ocorreu sem tumulto na maior parte do tempo, mas acabou em conflito por volta das 21h, quando os black blocs foram dispersados pela Tropa de Choque da PM. Pelo menos um jovem ficou levemente ferido. Um carro de reportagem do SBT foi pichado pelos manifestantes e precisou deixar o local rapidamente.
O efetivo da PM, que inicialmente isolava os professores acampados na rua ao lado da Câmara, foi reduzido e os manifestantes puderam circular livremente, pois até o fim da tarde não tinham autorização para voltar, caso necessitassem deixar o acampamento para lanchar ou mesmo ir ao banheiro.
Ao longo da tarde, deputados da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) foram ao local para ajudar nas negociações. O deputado Gilberto Palmares (PT) criticou a decisão da PM de isolar os manifestantes e ajudou a negociar a diminuição do efetivo policial. “Embora a greve seja do âmbito municipal, não podemos fechar os olhos, pois todos lutamos por uma educação melhor, seja para a cidade do Rio, seja para o nosso estado”, disse Palmares.
O trânsito na Avenida Rio Branco ficou fechado a partir das 19h, pois um grupo de black blocs ocupou a pista, que foi desobstruída por volta das 21h30.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, e a secretária municipal de Educação, Claudia Costin, participaram de um chat (sala de bate-papo) pela internet, das 20h às 22h, quando responderam a mais de 40 perguntas enviadas por professores. Ele abriu a conversa fazendo uma defesa do plano de carreira do magistério, reafirmando que a prefeitura cumpriu a sua parte nos três acordos firmados com o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) desde o início da greve, há 52 dias.
“Nós recebemos três vezes o Sepe e fizemos três acordos, com sucessivas concessões, até o máximo que a prefeitura poderia conceder”, disse. Paes reafirmou a intenção de que o projeto do plano de carreira do magistério seja votado pela Câmara amanhã (1º) e, por várias vezes, repetiu que os professores que aderirem ao novo regime de 40 horas de trabalho semanal poderão manter uma segunda matrícula na rede.
O prefeito disse, no entanto, que o município não tem dinheiro para pagar, de uma só vez, a todos os professores que desejarem passar para a carga de 40 horas, o que deverá ser feito de forma gradual. O objetivo, segundo Paes, é aumentar o número de escolas de tempo integral, que vão oferecer um total de nove horas de aula por dia, o que deve começar com 109 escolas das zonas oeste e norte da cidade.
O Sepe sustenta que o professor terá de se demitir de uma das matrículas para assumir as 40 horas e pede que a prefeitura retire o regime de urgência do projeto encaminhado à Câmara, para que a matéria seja mais bem discutida. Mas, em nenhum momento, Paes admitiu retirar o pedido de urgência.
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