PSDB pede auditoria do TSE sobre resultado da eleição

Aécio fala com jornalistas após derrota nas urnas. Foto: Valter Campanato/ Agência Brasil
Aécio fala com jornalistas após derrota nas urnas. Foto: Valter Campanato/ Agência Brasil

O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) protocolou, na noite desta quinta-feira (30), um pedido de auditoria especial ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para “fiscalizar os sistemas de todo o processo eleitoral, iniciando-se com a captação do sufrágio até a final conclusão dos votos”. O TSE não respondeu a solicitação do partido até a manhã desta sexta-feira (31).

Na nota divulgada na noite desta quinta (leia na íntegra, abaixo), o diretório nacional reitera que não pediu a recontagem dos votos, e argumenta a decisão pela “desconfiança de parte considerável da população brasileira” e pelas “denúncias sobre fatos ocorridos durante a votação”. “Reiteramos nossa confiança na Justiça Eleitoral. Portanto, o que pretendemos com essa medida judicial é garantir que todo e qualquer cidadão também possa ter a certeza de que nossos representantes políticos são, de fato, aqueles que foram escolhidos pelo titular da soberania nacional: o povo brasileiro”, diz um trecho do texto.

O protocolo foi apresentado à Justiça Eleitoral pelo deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP). “Não tem nada a ver com pedido de recontagem dos votos nem estamos questionando o resultado. Só queremos evitar que esse sentimento de que houve fraude continue a ser alimentado nas redes sociais”, explicou o parlamentar ao Portal G1.

Logo após a divulgação do resultado da eleição presidencial do segundo turno, no domingo (26), começaram a surgir denúncias em páginas do Facebook e no Twitter, como uma urna na Paraíba que teria, supostamente, sido ligada no início do dia já com 400 votos para Dilma Rousseff, ou o caso da jornalista Cláudia Souza, que publicou no Facebook um vídeo em que reclama com o mesário, em uma escola de São Paulo, por descobrir que seu voto já havia sido computado antes de sua chegada ao local de votação.

Dilma Rousseff (PT) venceu as eleições presidenciais com 51,64% dos votos válidos, contra 48,36 de Aécio Neves (PSDB). Ela somou 54.501.118 milhões de escolhas, diante de 51.041.155 do tucano, a menor margem de diferença da história da democracia brasileira: 3.459.963 milhões de votos.

Pesquisa manipulada

Também nesta quinta-feira (30), o jornal Folha de S. Paulo divulgou que o PSDB fez uso indevido dos resultados parciais de uma pesquisa do Instituto Veritá, informação esta que foi confirmada pelo dono da instituição, Adriano Silvoni, e pelo estatístico responsável pelos dados, Leonard de Assis.

Segundo a reportagem, o Veritá concluiu uma pesquisa de intenção de voto para presidente no dia 6 de outubro, ouvindo 5.161 pessoas em todo o País, em que Aécio Neves aparecia com 9,6 pontos de vantagem sobre Dilma Rousseff (PT). Seis dias depois da conclusão do material, o chefe de propaganda da campanha de Aécio, Paulo Vasconcelos, pediu ao instituto os números coletados apenas em Minas Gerais.

“Eu falei: ‘pode pegar, mas cite, por favor, que [esses números] não representam a realidade de Minas’”, diz Salvoni. O alerta foi feito porque as entrevistas feitas pelo Veritá no Estado conseguiam preencher a realidade nacional, mas não a local, dado o pequeno número de eleitores ouvidos em território mineiro.

Com os dados parciais, o jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte, publicou, no dia 14 de outubro, que Aécio Neves estava 14 pontos à frente de Dilma entre o eleitorado mineiro: 57% contra 43%. Os números também foram usados na campanha do tucano na TV e e no debate entre os candidatos na Bandeirantes, quando o ex-senador disse a Dilma que estava “dez pontos à frente dela em Minas Gerais”.

O PSDB não se manifestou publicamente sobre a reportagem da Folha de S. Paulo.

Reportagem mentirosa de Veja

A Polícia Federal (PF) abriu um inquérito para investigar as circunstâncias do vazamento de trechos de um depoimento em que o doleiro Alberto Youssef cita a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula. Segundo o jornal carioca O Globo, investigadores da operação Lava Jato suspeitam que Youssef foi estimulado a fazer declarações sobre Dilma e Lula, numa manobra que teria, como objetivo, influenciar o resultado das eleições presidenciais.

Na terça-feira da semana passada, Youssef prestou um depoimento, como vinha fazendo desde o início da delação premiada. No dia seguinte, um de seus advogados pediu para fazer uma retificação no depoimento anterior. No interrogatório, perguntou quem mais, além das pessoas já citadas pelo doleiro, sabia das fraude na Petrobras.

Youssef disse, então, acreditar que, pela dimensão do caso, não haveria como Lula e Dilma não saberem. A partir daí, concluiu-se a “retificação” do depoimento.

Na quinta-feira da última semana, faltando três dias para o segundo turno das eleições, trechos do depoimento foram publicados pela revista Veja, com a informação de que o doleiro teria dito que Dilma e Lula sabiam das fraudes na Petrobras. Após a divulgação da reportagem de “O Globo sobre as suspeitas, o jornal Valor Econômico publicou trechos de uma entrevista com o advogado Antonio Figueiredo Basto, que representa Alberto Youssef. Ele negou que tenha havido qualquer retificação de depoimento.

“Nesse dia, não houve depoimento no âmbito da delação. Isso é mentira. Desafio qualquer um a provar que houve oitiva da delação premiada na quarta-feira”, disse Basto. “Asseguro que eu e minha equipe não tivemos nenhuma participação nessa divulgação distorcida”, afirmou o advogado do doleiro.

Leia a íntegra da nota do PSDB sobre o resultado das eleições:

“Foi com muita ansiedade que a nação brasileira aguardou o anúncio do resultado da eleição presidencial, em segundo turno, no último dia 26 de outubro. Enquanto aguardava, em todos os cantos deste país começaram a ser apresentadas denúncias sobre fatos ocorridos durante a votação, principalmente com relação à própria totalização dos votos.

Temos absoluta confiança de que o Tribunal Superior Eleitoral – TSE cumpriu seu papel, garantindo a segurança do processo eleitoral. Todavia, com a introdução do voto eletrônico, as formas de fiscalização, auditagem dos sistemas de captação dos votos e de totalização têm se mostrado ineficientes para tranquilizar os eleitores quanto a não intervenção de terceiros nos sistemas informatizados.

Diante deste quadro de desconfiança por parte considerável da população brasileira, o Partido da Social Democracia Brasileira – PSDB decidiu apresentar ao TSE, no dia de hoje (30/10), um pedido de auditoria especial, por meio de uma comissão formada por pessoas indicadas pelos partidos políticos, objetivando a fiscalização dos sistemas de todo o processo eleitoral, iniciando-se com a captação do sufrágio, até a final conclusão da totalização dos votos.

Este pedido objetiva, acima de tudo, manter a confiança dos cidadãos brasileiros em suas Instituições e na nossa democracia, pois é este o elemento indispensável para que a legitimidade dos poderes constituídos seja preservada.

Reiteramos nossa confiança na Justiça Eleitoral. Portanto, o que pretendemos com essa medida judicial é garantir que todo e qualquer cidadão também possa ter a certeza de que nossos representantes políticos são, de fato, aqueles que foram escolhidos pelo titular da soberania nacional: o povo brasileiro.”


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