Qual centro queremos?

O cerco da Polícia Militar em torno da área da Cracolândia, no centro de São Paulo, já dura mais de dez dias. A ação conjunta de Prefeitura e Estado, cercada de controvérsias e críticas, serviu como estopim de uma discussão que está dispersa nas redes sociais, mesas de bar e rodas de amigos: como reincorpar o centrão à vida da cidade?

Desde 3 de janeiro, quando teve início o cerco da PM, diversos vídeos, reportagens, artigos e produções multimídia têm circulado pela internet. São trabalhos que discutem a validade de projetos, como o da “Nova Luz”, plano da Prefeitura que visa revitalizar a região da estação Júlio Prestes, ou seja, a área onde se situa a cracolândia.

Ações mais energéticas, como uma nova versão do “Churrascão Diferenciado”, também estão sendo propostas. Organizado pelo movimento BaixoCentro – que congrega diversos centros culturais dos bairros de Santa Cecília, Vila Buarque, Campos Elíseos e Barra Funda – o “churrascão” remete a uma passeata bem humorada que aconteceu em maio de 2011, em protesto contra um abaixo-assinado de moradores de Higienópolis, incomodados com a possibilidade da construção de uma estação de metrô no bairro.

Muito se discute sobre a validade e efetividade desse tipo de manifestação, no entanto, é possível tirar algumas conclusões dos acontecimentos recorrentes das ações da PM na cracolândia. A população, preocupada com a intensa especulação imobiliária, quer rediscutir formas de apropriação do espaço público. O problema do crack é nacional e uma das questões mais complexas de nosso tempo, sendo muito mais uma questão de saúde pública, do que policial. A formação da cracolândia, em pleno centro de São Paulo, é o reflexo de um processo antigo de desvalorização e abandono da região.

Não apenas por ser a cidade sede da Brasileiros, mas também porque a discussão é vital para qualquer urbe, temos dado destaque, ao longo de nossas publicações, para as políticas públicas de São Paulo. Relembre abaixo:

Os riscos escondidos do crack
Artigo premiado de Antonio Lancetti discute a questão do crack

Cracolândia Assistida
O pesquisador da UNIFESP, Marcelo Ribeiro, comenta as ações da Polícia Militar na cracolândia, região central de São Paulo

O elevado da discórdia
Inaugurado há 40 anos, o Minhocão, um dos símbolos de São Paulo, ainda gera discussões. Arquitetos querem torná-lo silencioso e belo. Para moradores, a violência incomoda mais que o barulho


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