Pelo menos quatro senadores admitem reverter seus votos favoráveis ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff. O Senado aprovou a abertura do processo no dia 12 de maio por 55 votos a 22. Na votação final, Dilma só será afastada se os adversários da petista conseguirem 54 votos. Num cenário assim, a presidenta poderia voltar ao cargo se pelo menos dois senadores favoráveis ao impeachment decidissem mudar o voto.
Um dos indecisos é o senador Cristovam Buarque (PPS-DF). Após a divulgação das conversas do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com expoentes do PMDB, como Romero Jucá, Renan Calheiros e José Sarney, Cristovam disse que “quem votou pelo afastamento de Dilma nem imaginava coisas como estas que se viu nas gravações”. Ele afirmou que uma coisa é a votação da admissibilidade, e outra é a cassação de Dilma: “Ainda não consegui me convencer que há uma crime capaz de ignorar 54 milhões de votos. Quem analisa com rigor e cuidado tem essa mesma dúvida”.
O senador Hélio José (PMDB-DF) também pode mudar seu voto: ele já deu declarações de um governo Temer seria pior do que o de Dilma: “Se o Temer assumir, mas o problema é que vai assumir é o compromisso que ele teve de assinar com os bandidos do Cunha e com o grande empresariado”. Hélio José disse ainda que o governo petista iria deixar saudades: “Acho que vão chorar lágrimas de sangue para que o PT volte daqui a dois anos. Vão ver a desgraceira que vai acontecer neste país com arrocho, onde servidor público vai ser tratado na pinhola, onde o servidor público vai perder os seus direitos”.
Outro senador que pode votar contra o impeachment é Acir Gurgacz (PDT-RO). Segundo o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, o senador disse que votará contra o afastamento e, por essa razão, o Diretório Nacional do partido decidiu adiar a decisão sobre uma punição disciplinar ao parlamentar por ter votado a favor da abertura do processo. O partido já expulsou o deputado federal Giovani Cherini (RS) por ter votado a favor da abertura do processo e suspendeu outros cinco deputados por 40 dias.
Outro indeciso é o senador Romário (PSB-RJ). Em entrevista ao jornal O Globo, ele disse que votou pela admissibilidade do impeachment “para que pudéssemos saber se a presidente cometeu ou não crime de responsabilidade”. Romário afirmou porém que “assim como questões políticas influenciaram muitos votos na primeira votação, todos esses novos fatos políticos irão influenciar também. Meu voto final estará amparado em questões técnicas e no que for melhor para o país”.
Ao todo, 14 senadores ainda não manifestaram claramente sobre como devem votar. Entre eles estão outros dois senadores pelo PSB, Antonio Carlos Valadares e Roberto Rocha, partido no qual cresce o apoio à realização de novas eleições.
O cronograma da votação do processo ainda segue indefinido. O senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) apresentou uma proposta na semana passada, mas os senadores do PT pediram vista. A comissão deve se reunir nesta quinta (2) para discutir a questão.
O ex-advogado geral da União José Eduardo Cardozo, responsável por defender a presidenta Dilma Rousseff, deve entregar pessoalmente a defesa da petista à Comissão do Impeachment às 17h desta quarta-feira (1).
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