Que tal fazer de 2011 o “Ano Menos?”

Atualizado às 13h45 de 3/11

Bem-vindos a 2011! Neste primeiro dia útil do ano, já estou de volta ao batente. Mas, como acabei de chegar de viagem, vou deixar para atualizar o Balaio na manhã de terça-feira, dia 4.

Preciso primeiro saber o que está acontecendo por aqui Desta vez, passei mesmo duas semanas totalmente fora do ar. Nem celular levei. Foi muito bom.

Por enquanto, vou apenas moderar os comentários que vocês deixaram na minha ausência e agradecer a todos pelas centenas de mensagens enviadas ao meu endereço eletrônico particular.

De 2010, não posso reclamar: o Balaio bateu em quase 2 milhões de acessos no ano passado. Para ser mais exato, foram 1.985.584, segundo o Google Analytics. Ganhamos muitos novos leitores e tivemos o patrocínio renovado. Assim, só nos resta continuar otimistas no pensamento e na ação.

Abraços,

Ricardo Kotscho

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Caros leitores,

este blog e toda a sua equipe de um só sairão de férias coletivas a partir de amanhã, sábado, dia 19 de dezembro. O Balaio voltará a ser atualizado a partir de 3 de janeiro de 2011.

Pela primeira vez em muitos anos, a família Kotscho viajará para o exterior, agora com o refôrço dos meus três netos, que me convidaram para conhecer o Mickey lá na terra dele.

Não faz sentido levar o notebook, convenhamos. E é bom ficar um tempo longe da fábrica de informações, sem ler nem escrever notícias. Assim os leitores também tiram uma folga de mim.

Feliz Natal e que 2011 seja o “Ano Menos”, como proponho no texto abaixo, o último de 2010. Muitas felicidades e saúde para todos!

Abraços,

Ricardo Kotscho

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Desde pequenos, somos ensinados a querer ter e ser sempre mais. Assim, em todos os finais de temporada, em nossas reflexões sobre o que passou e nas intenções para o ano novo, no balanço de perdas e ganhos, sempre fica faltando alguma coisa para fazer ou conquistar, e lamentar algo que ficou pelo caminho.

Fazemos promessas para mudar de vida, olhando sempre para cima e para mais longe, buscando novos e cada vez mais difíceis desafios. Por que tem de ser assim por toda a vida, mesmo quando o tempo que nos resta é cada vez menor?

Do jeito que vamos indo, com tudo tendo que ser sempre mais e melhor, todos tendo que vender mais e consumir mais, a economia mundial crescendo sem parar, mesmo em tempos de crise, com cada vez mais carros, aviões, navios, fábricas e usinas poluindo o ambiente, shopping centers se multiplicando como cogumelos por toda parte, lojas, bares e restaurantes lotados, uma hora este nosso velho mundo vai explodir em todos os sentidos.

Como ninguém tem forças para mudar o mundo, muito menos para fazer ele parar, poderíamos pelo menos começar a pensar em mudanças possíveis na rotina de cada um de nós. Quem sabe, com o tempo, as coisas não começam a desacelerar e melhorar a chamada qualidade de vida?

Apenas oito anos atrás, o principal objetivo do presidente Lula que assumia o governo era combater a fome, garantindo a cada brasileiro pelos menos três pratos de comida por dia. A desnutrição de milhões de brasileiros ainda era o maior problema de saúde pública.

Nesta sexta-feira, fiquei sabendo pelo noticiário que 50% da nossa população já está acima do peso e crescem assustadoramente os problemas de obesidade, incluindo o autor destas mal traçadas linhas, que mais uma vez está fazendo tratamento para largar o cigarro, e sofre os efeitos.

Parece o destino daquelas regiões que são assoladas ora pelas secas, ora pelas enchentes. Será que não pode haver um meio termo, um ponto de equilíbrio nas nossas vidas e nas nossas terras, ou este permanente querer mais não será a própria causa das tragédias naturais e humanas que afetam o mundo todo também cada vez mais?

Fiquei pensando em tudo isso num recente retiro espiritual do meu Grupo de Oração ao notar que algumas pessoas estavam falando demais, até mais rápido do que pensam, com opiniões formadas e definitivas sobre todos os assuntos espirituais ou terrenos, como se quisessem convencer os outros de que aquele era o único caminho.

Não só em retiros, que deveriam ser redutos de silêncio e meditação, mas em quase todos os lugares aonde vou, tenho notado que as pessoas todas estão falando cada vez mais, cada vez mais alto, o tempo todo, sem dar tempo de pensar no que estão dizendo.

Na internet, do mesmo jeito, autores e leitores escrevem cada vez mais comentários sobre tudo que lhes vem à cabeça, repetindo sempre as mesmas certezas, transformando opiniões pessoais em dogmas, na esperança de criar uma seita de seguidores.

É impossível ler todas as mensagens que me mandam o dia inteiro, todo dia. Às vezes, nem dá tempo de abrir os e-mail para saber do que se trata. Desta forma, estaremos nos comunicando e fazendo entender mais ou menos?

A partir desta constatação, comecei a pensar para quantas coisas poderíamos nos propor menos em lugar de mais neste raiar de outro ano da nossa breve passagem pela terra – quer dizer, inverter um pouco este jogo de perde e ganha que está ficando cada vez mais chato e perigoso.

Por exemplo: poderíamos começar nos propondo consumir menos, menos tudo. Porque muitas outras coisas estão relacionadas a esta febre de ter e ser mais: trabalhar mais, comprar mais, vender mais, viajar mais, comer mais, beber mais, competir mais, assumir mais compromissos, ganhar mais, poluir mais, brilhar mais, desmatar mais, buzinar mais, gritar mais, brigar mais, correr mais, jogar mais, blasfemar mais, se estressar mais e, assim, ter mais chance de ir parar num hospital do que chegar à felicidade.

Se não trocarmos todos estes mais por menos, uma hora acabaremos consumindo a nós mesmos.

Pode parecer incoerência minha fazer esta proposta ao final de um ano estafante de trabalho e compromissos variados em diferentes áreas de atividade, às vésperas da viagem a um dos maiores templos do consumo do mundo. Eu sei, mas só o fato de me permitir tirar duas semanas de férias de verdade com a família já pode ser um bom sinal de mudança.

Espero que não me entendam errado, imaginando que sou contra o progresso da humanidade, um hippie gordo e careca meio fora de época, que está voltando agora de Woodstock.

Também não virei adepto destas modas de vida alternativa, pregador da sustentabilidade em comunidade ecológica, nem pretendo me tornar um vagabundo. Busco e proponho apenas um pouco mais de equilíbrio, aquela história de que menos pode ser mais. É uma boa hora para pensarmos nisso. Afinal, não custa nada.

E os caros leitores do Balaio? O que estão pensando e se propondo para 2011?

O grande barato deste trabalho em mão dupla na internet, é poder saber o que os outros pensam e permitir que as ideias de um leitor possam ser úteis e servir de inspiração para outros.

Muito grato a todos vocês por mais um ano de gratificante convívio. Divirtam-se. Até a volta.


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