Há uma nova e crescente onda de xenofobia no mundo e, de novo, o que está sendo usado como desculpa é a crise econômica. Mais que uma novidade, a atual aberração das relações humanas é uma espécie de refluxo indigesto. A União Européia já havia decidido pela prisão de imigrantes ilegais. Além disso, os infelizes flagrados sem os papéis em ordem não podem entrar no bloco europeu por até cinco anos. Agora, na Itália, os médicos podem e devem denunciar quem, com um sotaque estranho, porventura caia doente em seus consultórios. Meu avô Giosué, que nasceu em Peruggia, Itália, e foi recebido de braços abertos aqui no Brasil, onde trabalhou por toda a vida, deve estar se revirando de vergonha em sua tumba.
A atual crise econômica que assola os Estados Unidos e a Europa é um pouco como aquele ditado: em casa que falta pão todo mundo briga e ninguém tem razão.
Se a crise econômica é a grande desculpa para fechar as fronteiras ela também serve para justificar as demissões mesmo quando elas não são justificáveis. Aqui no Brasil, onde, diga-se, a crise não chegou com toda a sua força, há setores que não têm do que se queixar, mas se aproveitam para aumentar seu lucro diminuindo suas despesas com o corte de empregos.
Nos Estados Unidos, berço da crise, o buy american foi usado como fórceps pelo presidente Obama para fazer o Congresso aprovar a liberação do dinheiro que irá ajudar a tirar os Estados Unidos do atoleiro. Buy american – compre produtos americanos – obriga, por exemplo, a usar o nada competitivo aço americano em obras de infraestrutura financiadas com esse dinheiro. Também quer dizer que as empresas beneficiadas não poderão contratar trabalhadores estrangeiros.
Não é nada bom que a euforia pela eleição de um negro para a presidência em um país carregado de culpas por um racismo histórico já esteja dando espaço para um crescente protecionismo que pode nos prejudicar e prejudicar a eles também.
O racismo é muito ruim. Ele é péssimo. E a eleição de Obama foi um grande passo para acabar com ele. Agora a hora é de lutar contra o protecionismo.
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