Dos carros às portarias de edifícios, das casas aos escritórios, das televisões aos celulares. Mais de um século após sua invenção, o rádio continua quase onipresente na vida dos habitantes de todo o planeta. Sua origem também permanece contraditória e misteriosa até os dias de hoje.
Para alguns, o inventor do aparelho responsável por transmitir ondas sonoras à distância foi o italiano Guglielmo Marconi, que em 25 de setembro 1986 patenteou o registro de sua criação. A data ficou conhecida como o dia do Rádio, mas para alguns o verdadeiro inventor do rádio foi o austríaco-americano Nikola Tesla, em quem Marconi baseou boa parte de sua invenção. Outra corrente acredita que a invenção do rádio veio de um brasileiro, que teria emitido os primeiros sinais radiofônicos dois anos antes de Marconi.
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Conta a história que em 1984 o padre e cientista gaúcho Roberto Landell de Moura apresentou seu sistema de emissão de ondas sonoras do bairro de Santana por oito quilômetros até a Avenida Paulista. Conta-se ainda que alguns religiosos destruíram a aparelhagem de Landell por acreditar que o padre mantinha ligações demoníacas. Para alguns, este episódio atrasou o reconhecimento da invenção do padre brasileiro.
Polêmicas a parte, o rádio se desenvolveu até se tornar o meio de comunicação mais importante do mundo, ultrapassando a então soberania dos jornais impressos. Coberturas de guerra, telejornais, telenovelas e programas de entretenimento variados transformaram o aparelho na vedete dos cidadãos nas cinco primeiras décadas do séc. XX. Foi só com o surgimento e a popularização da televisão, nos anos 50, que o rádio começou a perder seu espaço. Contudo, agilidade de seu método de propagação ajudou o rádio a permanecer vivo e presente em praticamente todo o mundo até esta segunda década do séc. XXI.
O rádio no Brasil
Chacrinha, Carmem Miranda, Repórter Esso, Voz do Brasil. A presença do rádio no País tupiniquim foi maciça e teve papel decisivo para a construção da cultura tradicional brasileira. Em 1922, o País ouve sua primeira transmissão radiofônica, realizada durante a comemoração do primeiro centenário de independência do Brasil. Através de uma antena instalada no Corcovado, Rio de Janeiro, habitantes das cidades de Niterói, Petrópolis, São Paulo e Rio puderam escutar o discurso do então presidente Epitácio Pessoa, feito para a abertura da Exposição do Centenário. Na mesma noite, a ópera O Guarani,de Carlos Gomes, foi reproduzida para os ouvintes. Era o início de uma história de sucesso do rádio brasileiro.
A celebração da primeira grande transmissão radiofônica do Brasil também marcou época por originar a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, primeira estação do País. Doada ao governo em 1936, a estação permanece em atividade até os dias de hoje, agora com o nome de Rádio MEC. Com o passar dos anos, novas rádios foram sendo criadas pelo país. Fundada em 1928, em São Paulo, a Rádio Sociedade Record – posteriormente batizada apenas como rádio Record – foi outra que marcou época e permanece em atividade. A ela se seguiram outras icônicas estações brasileiras, como Bandeiras, Tupi, Nacional, Gaúcha de Porto Alegre, Globo e Excelsior.
Ainda antes do advento da televisão, as donas de casa brasileiras suspiravam com os romances das telenovelas. Enquanto isso, os homens acompanhavam aflitos aos jogos de futebol tão belamente narrados pelas ondas magnéticas. Atores, cantores, apresentadores de telejornais e humoristas se tornaram imortalizados por sua contribuição no meio de comunicação. Além de instrumento de entretenimento e informação, o rádio passou a se tornar canal de comunicação direta entre as autoridades e a população. Ainda hoje, a presidenta Dilma Rousseff discursa semanalmente no programa Café com a Presidenta.
O rádio no séc. XXI
O rádio resistiu à febre da televisão, à chegada dos computadores e hoje em dia luta bravamente para se manter ativo em um mundo de tecnologia móvel e cada vez mais ágil. Nas grandes capitais, o rádio ainda é um ótimo companheiro para as manhãs e finais de tarde de trânsito intenso. Popularizadas nos anos 60 e 70, as rádios FM, com freqüência superior à das rádios AM, enfrentam a concorrência brutal da internet e dos aparelhos de mp3.
Antes, para um artista ser considerado de sucesso, era necessidade primordial que sua música fosse veiculada em alguma das diversas estações exclusivamente musicais do País. Hoje em dia, estas estações vêem sua influência diminuir a cada dia. Na cobertura de notícias, entretanto, o rádio ainda se destaca por sua grande agilidade e eficácia.
Para alguns, o rádio ainda é o principal meio de comunicação nas coberturas de trânsito, esportes e política. Nos últimos anos, variações de programas radiofônicos se tornaram sucesso na internet, como os podcasts e as playlists. Um século após sua criação, o rádio enfrenta agora a imprevisibilidade de seu futuro. Só o tempo dirá se o rádio da forma tradicional como conhecemos continuará existindo, mas sua importância histórica e suas décadas de ouro continuarão sendo eternamente lembradas pelos apaixonados por este revolucionário aparelho.
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