Em Piracicaba, no interior de São Paulo, acontece a 12ª Bienal Naïfs do Brasil – O Santuário Refletido no Espelho. Com curadoria de Diógenes Moura, a mostra traça uma aproximação entre o universo da arte naïf (ingênua, em francês) e o da fotopintura, técnica em que o artista dá cor a imagens em branco e preto, e cria uma nova imagem, alterando o cenário de um retrato ou “emprestando” joias e roupas ao personagem. “Fiz essa relação porque uma linguagem está dentro da outra, e as duas tentam se impor”, diz Moura, que até 2013 foi curador de fotografia da Pinacoteca Estadual.
A principal característica dos 106 trabalhos expostos na bienal – entre pinturas, esculturas, gravuras, bordados, tecelagens e objetos – é a mescla de fragilidade do traço apresentado com intensidade de cores. Muitos retratam a natureza, festas típicas, pessoas, o mundo onírico e cenas cotidianas. Mas há surpresas em obras que tratam de críticas sociais. É o caso das pinturas Greve, de Tahia, de Piracicaba, que representa uma manifestação de trabalhadores, ou O Sono, de Shila Joaquim, artista capixaba, que estampa várias pessoas dormindo em um único ambiente, em clara alusão, de acordo com Moura, à especulação imobiliária e à exclusão. “Temas como futebol e humor, tão recorrentes nesse gênero, estão menos presentes nessa bienal”, diz ele. “Mas a poética naïf permanece.”
Ao Ritmo do Brasil – Arte Naïf, Popular e Moderna é o título da exposição que está em cartaz em Santiago do Chile. “É um evento importante porque apresenta aspectos populares, rurais e urbanos do Brasil”, afirma Jacqueline Finkelstein, diretora do Museu Internacional de Arte Naïf do Brasil, que funciona no Rio de Janeiro, e uma das curadoras da mostra, que reúne grandes nomes da arte moderna e contemporânea, como Di Cavalcanti, Anita Malfatti, Lasar Segall, Hélio Oticica, Nelson Leirner e Bob Wolfenson, e 60 obras naïfs – um dos destaques é a pintura Beija-Flor, de Magda Mittarakis.
Essa exposição é resultado da colaboração de quatro prestigiosas instituições. Além do MIAN, há trabalhos do Museu do Folclore Edison Carneiro, também do Rio, da coleção brasileira de Hecilda e Sérgio Fadel e da Fundação Salvador Allende, do Chile.
A Bienal Naïfs do Brasil, em Piracicaba, originou-se de mostras anuais realizadas pelo SESC da cidade, em 1986 e 1991. No ano seguinte, foi criada a bienal, que tem procurado explorar a diversificação do que se conhece como estética tradicional do gênero. O MIAN foi inaugurado em 1995 na cidade do Rio de Janeiro, para manter um acervo permanente e promover a divulgação da estética naïf.
Serviços
12ª Bienal Naïfs do Brasil
SESC Piracicaba – Rua Ipiranga, 155 – Centro – Piracicaba-SP
(19) 3437.9292
De 8 de agosto a 30 de novembro
Ao Ritmo do Brasil – Arte Naïf, Popular e Moderna
Centro Cultural La Moneda – Plaza de La Ciudadanía, 26 – Santiago de Chile
(00562) 2355.6500
De 3 de setembro a 31 de dezembro
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