Conheci Marília Gabriela no começo dos anos 1980. Como repórter, ela já havia passado pelo Jornal Nacional e estreava como apresentadora do TV Mulher. O programa, que dominou as manhãs durante seis anos, foi um marco e tinha, entre seus quadros, comentários do psicanalista Eduardo Mascarenhas, do estilista Clodovil Hernandez, das atrizes Irene Ravache e Esther Góes e da então sexóloga Marta Suplicy.
Mas o que vem mesmo à memória é a música-tema do TV Mulher, Cor de Rosa-Choque, de Rita Lee, e, principalmente, o carisma de sua apresentadora.
Em fevereiro de 1981, fotografei para a revista IstoÉ os bastidores do programa, que era dirigido por Nilton Travesso e tinha Rose Nogueira como editora-chefe. Algumas daquelas fotos publico aqui nas páginas 26 e 27 , na reportagem e entrevista assinadas por nosso editor Gustavo Fioratti na qual Gabi conta a sua vida pessoal e a profissional, como jornalista, entrevistadora e atriz.
Ao contrário de Gustavo, que é um especialista em teatro e viu quase todas as atuações de palco de Gabi desde Esperando Beckett, de Gerald Thomas, eu só agora a vi como atriz, na peça Constelações, seu sexto espetáculo. Na conversa com Gustavo ela fala de sua preocupação em dissociar a Marília Gabriela apresentadora da TV da Marília Gabriela atriz. No Sesc, em São Paulo, o que vi foi Marianne, a cosmóloga especialista em física quântica. Também vi que o carisma de Marília Gabriela continua forte. Assim como sua doçura. Na foto aqui ao lado feita após o espetáculo, Gabi e Caco Ciocler posam para o celular da atriz, com o dramaturgo Agnaldo Silva, que, como eu, se emocionou com a peça.
Gabi tem força e doçura, ingredientes, a meu ver, fundamentais na receita do carisma feminino e isso pode ser constatado na entrevista e também na atitude que tomou recentemente ao recusar o convite transmitido pela ex-sexóloga Marta Suplicy, sua companheira de TV Mulher, para ser secretária nacional de Cultura: “Eu estava sendo convidada simplesmente por ser uma figura midiática espaçosa e seria uma estampa em um governo que, em absoluto, não prestigiou a mulher. Não teria cabimento aceitar um convite desse”, justificou.
Além do prazer de editar a entrevista e a capa de Gabi, estreia bem-vinda aqui na Brasileiros de Gustavo Fioratti, bom também registrar a satisfação de publicar as fotos de capa, da abertura da reportagem e da peça Constelações, com a assinatura de Miro, um dos ícones da fotografia brasileira. Sempre uma honra tê-lo por perto.
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