A PM diz que foram cerca de 700 pessoas. O nosso repórter calcula 500. O fotógrafo às 17h30 relatou cerca de 200 na Praça da Sé. Esses foram os números de pessoas clamando a intervenção militar na “reedição” Marcha da Família com Deus, neste sábado (22).
Às 15h, horário marcado para a concentração da Marcha da Família com Deus pela Liberdade na Praça da República, centro de São Paulo, poucas pessoas se reuniam no local. 30 minutos depois, o número já era maior. Entre as reivindicações dos envolvidos, a principal delas era a imediata intervenção militar para que “se de um basta na violência”. Lula, Dilma e o PT foram os principais alvos dos protestos.
fotos Rodrigo Capote
No coro, o hino nacional era praticamente a trilha sonora, tocado em um trio elétrico repetidamente e cantado a plenos pulmões junto as centenas de bandeiras do Brasil durante a caminhada que levou o grupo até a Praça da Sé. Gritos em apoio a Polícia Militar e as Forças Armadas, chamados por eles de heróis, também foram entoados. Com o microfone em mãos, um dos organizadores da marcha afirmava que as ideias apoiadas por eles eram contra o comunismo e outras “ideologias anti-cristãs”. O grito de ordem, berrado com mais entusiasmo por todos, era “Deus, pátria, família!”, uma especie de mantra durante a caminhada.
Nas faixas: “FFAA [Forças Armadas] já”, “Voto facultativo = liberdade” e “Comunismo é morte”. Os discursos exaltando os militares e criticando o atual governo petista, que associam com o comunismo. Grupos que se intitulavam “White blocs”, com discurso neonazista, esperando qualquer fagulha para iniciar uma discussão ou agressão.
Em certo momento, quando um manifestante com ideologias contrárias invadiu a marcha, um início de tumulto foi detectado, porém, logo contido e isolado pela PM, que retirou a pessoa do local. Perto de nossa reportagem, uma senhora mais exaltada gritava “contra comunista, melhor coisa é paredão”.
Receosos em relação ao encontro da Marcha da Família com Deus pela Liberdade com a Marcha Antigolpista Ditadura Nunca Mais, movimento contrário que começaria simultaneamente na Praça da Sé, a PM era cautelosa na escolta, porém, ao chegar no ponto final, a praça já estava vazia e o outro grupo se encaminhava para a região da Luz.
Na Praça da Sé, a já clássica foto na escadaria da igreja, mais hino nacional e um discurso de cima do trio elétrico, no qual falaram os sargentos Julio Neto e Vagner. Mais uma vez pregando pela intervenção militar, os envolvidos atacaram o TSE e afirmaram que a votação no Brasil é fraudulenta e não diz a verdadeira intenção do povo. Conversando com os simpatizantes do movimento, a opinião parecia ser a mesma. “Temos que tomar o poder urgente e parar com essa coisa de urna eletrônica”, propôs Marisa Rocha, que estava no local com seu marido.
Do alto do trio elétrico também se lembrou da data de 31 de março de 1964, dia do golpe que levou os militares ao poder, além também de uma homenagem ao General Olímpio Mourão Filho, um dos idealizadores da manobra.
Pouco depois das 18h, a movimentação na Praça da Sé já começou a se dispersar, não antes de um dos organizadores pedir para que nenhum ato violento ocorresse no local e informar que havia pessoas infiltradas dispostas a causar problemas e descaracterizar os ideais da Marcha da Família com Deus pela Liberdade.
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