Os fazendeiros da região de Ribeirão Preto, a capital nacional da cana-de-açúcar, nunca tiveram tanto boi como atualmente. Calcula-se em mais de 1 milhão de cabeças. Detalhe: eles criam o gado longe de sua região, no Centro-Oeste ou no Norte, principalmente no sul do Pará. E muitos deles, como Duda Biagi, Cláudia Junqueira, Marcelo Mendonça, Adir do Carmo Leonel, estão entre os criadores de nelore de elite.
Eduardo Biagi, o Duda, usineiro em Ribeirão, tem cerca de 30 mil cabeças de gado nelore de elite em 27 mil hectares em Mato Grosso, criadas em regime de cocheira, um semiconfinamento. Ele começou a criar gado assim que se formou em agronomia, em 1971, e atualmente é vice-presidente da Associação Brasileira de Criadores de Nelore e administra duas das mais rentáveis atividades do agronegócio brasileiro: cana e gado. Para Duda, o negócio da cana, por causa do etanol, tem mais perspectivas, mas o gado, que também é bom, tem uma grande vantagem: é mais prazeroso.
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– Entre os criadores você conhece pessoas interessantíssimas, os bate-papos são divertidos… Você vê nascer o bezerro, vai para a exposição disputar prêmios, tem muito mais emoção. Uma conversa sobre cana não dura mais que cinco minutos; sobre gado pode durar horas, varar a noite.
Há 15 anos, quando foi vice-presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Duda criou o ranking do nelore, um sistema que soma resultados de todas as exposições do país, premiando animais, criadores e expositores. O ranking injetou ânimo no negócio, acirrando a disputa pelo desenvolvimento genético e pela compra dos melhores animais da raça. Um prêmio da Expoinel de Uberaba, a exposição nacional do gado nelore, é a glória. O troféu vale muito dinheiro. Do dia para a noite um campeão em Uberaba ganha status e valor.
– Em outros tempos, um criador levava uns 30 anos para “fazer” um gado bom. Hoje, se dispuser de recursos e tecnologia, pode “fazer” em três anos. Ele cita os exemplos de Norival Bonamichi e Orestes Quércia, que em poucos anos conseguiram formar um ótimo plantel. Explica que a criação extensiva de gado de corte tem pouco a ver com a criação de nelore de elite:
– São dois mercados diferentes. A criação extensiva vive do preço da arroba, e a de nelore de elite vive da qualidade genética dos animais. O primeiro sofre as oscilações do mercado, o segundo ainda não sabe o que é crise. O ponto de ligação entre esses dois mercados é a venda de tourinhos dos criadores de elite para os criadores extensivos. E isso é importante, porque é nesse momento que se transmite boa genética para toda a criação nacional.
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