Conforme disse no post anterior, dou aqui ao governador o mesmo espaço para sua resposta. De minha parte, comento apenas que eu, Lourenço Cavalcanti, não sou político, nem jamais permitiria o uso deste blog com fins políticos. Defendo minha comunidade, e aqui estão transcritos, in verbis, todos os dizeres e fatos. Acho que “Aceito sem desagrado”, não vem a ser exatamente um pedido de desculpas, necessário, mas, mormente pelo histórico do governador relatado pela ABGLT, considero satisfatoriamente encerrado este episódio. Cada leitor que julgue por si.
Lourenço Cavalcanti
“Nota do governador Roberto Requião
O tom lúdico que usei no lançamento da campanha de prevenção do
câncer de mama, entre mulheres e homens, acabou provocando uma onda de
recriminações. Quando me referi às paradas da diversidade, ocorriam-me
os riscos que o abuso de hormônios femininos, com fins terapêuticos ou
estéticos, representam para a saúde. Entre os riscos, o câncer de
mama. Em razão disso, estou sendo impiedosamente criticado.
Só conheço um gênero de pessoas — o gênero humano. O mais são opções
e escolhas, que sempre respeitei, como cidadão ou governante. A minha
vida pública tem sido uma teimosa, insistente luta em favor da
liberdade e das minorias, cuja defesa é a essência do processo
democrático. Como primeiro prefeito eleito de Curitiba pelo voto
popular, depois do fim da ditadura militar, fui também um dos
primeiros governantes brasileiros a tirar da sombra a questão da
diversidade.
O combate ao preconceito e à discriminação nos levou, por exemplo, a
avanços na área da saúde. Com o meu então secretário da Saúde, Nizan
Pereira, estabelecemos com o movimento GLTB vínculos de respeito,
colaboração e de parcerias. Da mesma forma, quando assumi o Governo do
Paraná pela primeira vez, em l991, com Nizan Pereira novamente na
Secretaria da Saúde, intensificamos as ações tanto dirigidas ao
combate ao preconceito quanto as ações na área da saúde pública. Para
escândalo de muitos, para a censura dos conservadores, trouxemos a
questão da diversidade para a esfera da administração pública.
Agora, em meus segundo e terceiro mandatos, essa política avançou
ainda mais. Temos, por exemplo, uma Secretaria de Estado voltada
inteiramente às demandas das minorias e da diversidade, a Secretaria
de Assuntos Estratégicos, comandada por Nizan Pereira. Logo, não posso
entender que orquestrem contra mim e meu Governo uma campanha tão
forte, atirando-nos à vala dos preconceituosos e dos homófobos. A
tolerância tolera tudo, menos a intolerância. E esta intolerante
manifestação ao uso de humor, para chamar a atenção ao lançamento da
campanha contra o câncer de mama, é inaceitável.
De todo modo, uma coisa é certa: nunca uma campanha de saúde chamou
tanta atenção como esta, especialmente entre os homens, boa parte
deles ignorantes de também serem vítimas potenciais do câncer de mama.
Aceito sem desagrado as intervenções dos bem-intencionados. É a eles
que dirijo este esclarecimento. E repudio as intervenções dos
mal-intencionados, daqueles que buscam aproveitar-se do ocorrido para
extorquir vantagens políticas e eleitorais.
Roberto Requião
Governador do Paraná
Curitiba, 28 de outubro de 2009 ”
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