Neste sábado (29), o longa sobre o fim do pensamento cartesiano nos trópicos marcou o último dia da 14ª Mostra de Cinema de Tiradentes. O longa Ex-isto, do cineasta mineiro Cao Guimarães (Andarilho, A Alma do Osso), relata uma viagem imaginária do filósofo racionalista francês René Descartes ao Brasil, papel interpretado por João Miguel (Estômago).
[nggallery id=14057]

Inspirado no livro Catatau, de Paulo Leminski, Ex-isto, mostra Descartes desembarcando como membro da comitiva do holandês Maurício de Nassau (1604-1679). O longa é o primeiro da série Iconoclássicos, que, além de Leminski, terá ainda filmes sobre Nelson Leirner, Rogério Sganzerla, Itamar Assumpção e Zé Celso Martinez, dirigidos por Joel Pizzini e Tadeu Jungle, entre outros.

Ex-isto não tem diálogos, é todo conduzido pela narração em off do próprio João Miguel, a partir de textos de Descartes (da obra O discurso do método), além de trechos de Catatau. O longa do cineasta mineiro faz uma viagem temporal por paisagens naturais de cidades como Amapá, Alagoas, Pernambuco e Brasília, em que o filósofo vai se libertando e se desconstruindo.

Carta Tiradentes
Aproveitando o mote político do festival, um grupo reunido em Tiradentes, com cerca de 50 cineastas, produtores e pesquisadores, divulgou um manifesto com propostas de políticas para o setor audiovisual, ressaltando a importância da valorização da diversidade e da inclusão dos múltiplos Brasis – que vai muito além do eixo SP-RJ. A carta foi lida pelos atores João Miguel e Irandhir Santos.

O documento destaca cinco pontos considerados fundamentais na visão de seus signatários, como criação de linhas específicas de fomento para produções com inovação técnica e artística e orçamentos de menor porte; desenvolvimento de uma política para a distribuição e exibição de filmes de baixo orçamento, incentivando empresas distribuidoras que se dediquem a este segmento.

A Carta Tiradentes sugere ainda a valorização e ampliação de instâncias formuladoras de políticas para o setor, que reconheçam a pluralidade dos modos de produção e contemplem uma maior representatividade de todos os agentes.

E, por fim, propõe o fortalecimento de espaços de produção inclusiva e democrática e a construção de uma política unificada e ousada de internacionalização de nossa produção, que permita um conjunto de ações para consolidar a presença de nosso cinema de modo planejado e integrado ao redor do mundo.

Último dia
Também foram exibidos no último dia do festival: No Olho da Rua, de Rogério Corrêa, e O Céu Sobre os Ombros, de Sérgio Borges. A Mostrinha teve o longa Eu e Meu Guarda Chuva, de Toni Vanzolini, e a série Curtas para a nova geração. Também na programação de sábado, a exibição da série especial de curtas, Cena Brasil.

O Seminário do Cinema Brasileiro encerrou suas atividades com os debates sobre os filmes Vigias e Riscado, além da mesa Inquietações Políticas, que discutiu a temática da 14ª Mostra de Tiradentes à luz dos filmes exibidos na programação. A mesa contou com as participações de Carlos Alberto Mattos, Cezar Migliorin, Claudia Mesquita e Francis Vogner, com mediação do curador Cléber Eduardo.

Na noite deste sábado, na solenidade de encerramento será divulgada a lista de premiados do Troféu Barroco. Serão premiados melhor curta da Mostra Foco eleito pelo júri da crítica, melhor curta eleito pelo júri popular, melhor longa da Mostra Aurora eleito pelo júri jovem, melhor longa eleito pelo júri popular e melhor longa da Mostra Aurora eleito pelo júri da crítica. No domingo, o site da Brasileiros divulga os vencedores.


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.