A luta do “bem contra o mal” se mostra mais complexa do que desejavam alguns. A retirada de 178 cães da raça beagle do laboratório do Instituto Royal, em São Roque (SP), comprometeu experimentos avançados de um medicamento para tratamento contra câncer – além de fitoterápicos para usos diversos –, segundo o médico Marcelo Marcos Morales, coordenador do Concea (Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal). Por outro lado, ativistas dizem que os cães sofriam maus-tratos, e a Câmara dos Deputados instala, nesta terça-feira (22) uma comissão externa para apurar as denúncias.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Morales afirmou que “um trabalho que demorou anos para ser produzido, que tinha resultados promissores para o desenvolvimento do País, foi jogado no lixo. O prejuízo é incalculável para a ciência e para o benefício das pessoas”. O cientista não revelou o nome do medicamento desenvolvido nem para qual tipo de câncer seria usado, mas informou que se tratava de um tipo de remédio produzido fora do país e que teve a patente quebrada.
Sobre os maus-tratos, negados pelo Royal, o deputado federal Delegado Protógenes (PCdoB-SP), que foi designado para acompanhar o caso e visitou o instituto no domingo, declarou: “Já mandei levantar a quantidade de recursos federais repassados à instituição, porque há uma placa da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) lá. Isso é grave. Deveria haver uma fiscalização maior do próprio órgão. Eu passei mal. Aquilo é um centro de tortura de cães. Me chocou pela cena e pela falta de assepsia. É um lugar insalubre, com cheiro de fezes e urina, vasilhas de alimentação com água verde”.
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