Grande parte da crítica torceu o nariz para o filme A Dama de Ferro, de Phyllida Lloyd. O motivo: o longa faz um retrato da ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher já em idade avançada e sem memória, conversando com o marido, Denis, já morto. Nessas conversas, Thatcher, papel vivido pela atriz americana Meryl Streep, recorda passagens de sua vida, quando se refugiava com a família em abrigos para escapar das bombas lançadas sobre Londres durante a Segunda Guerra Mundial, dos discursos políticos do pai, um quitandeiro, e de quando conheceu o marido, ainda jovem, além das lembranças de sua entrada na carreira política até chegar à fase em que assume o posto de primeira-ministra britânica, em 1979, e encara a faceta de “Dama de Ferro”, alcunha dada pelos soviéticos.
Phyllida, que também dirigiu Mamma Mia!, protagonizado pela mesma Meryl Streep, se esquivou das críticas, dizendo que quis mostrar o lado oculto de Thatcher e não o conhecido por todos, o de mulher obstinada, enérgica, inflexível e sedenta pelo poder. Episódios históricos (e interessantes) não são relatados no filme: como Thatcher chegou ao poder, como o país ganhou a Guerra das Malvinas (entre Inglaterra e Argentina, em 1982), os conflitos contra os sindicatos, a atuação de Thatcher durante a Guerra Fria e como ela foi forçada a não se recandidatar nas eleições de 1990, entre outros. Assim, a cinebiografia serve apenas como esboço de uma personalidade – Thatcher foi a figura política feminina de maior destaque do século 20.
Apesar do polêmico conteúdo do filme, Meryl Streep concorre ao Oscar na categoria de melhor atriz. Ela teve de aprender os passos, os gestos e, principalmente, o tom de voz agudo de Thatcher. Esta é a 17a indicação de Meryl à premiação, que neste ano acontecerá em 26 de fevereiro. A atriz já venceu em duas ocasiões: como atriz coadjuvante pelo filme Kramer vs. Kramer, em 1980, e como protagonista em A Escolha de Sofia, de 1983.
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