Retrospectiva 2011

MARCO ZERO

O italiano Giorgio Vasari publicou Vidas dos Artistasem 1550. Longe de estar artisticamente à altura dos personagens que retratou – como o amigo Michelangelo, que conheceu na adolescência, em Florência -, Vasari preferia ser considerado pintor e arquiteto, mas há cinco séculos é lembrado como o mais importante historiador do Renascimento italiano. Vidas dos Artistastornou-se a obra inaugural dos estudos de História da Arte e ganhou primorosa edição no País. Vida dos Artistas, Giorgio Vasari, WMF Martins Fontes, 856 páginas

STEVENSON PARA MAIORES

Autor da célebre narrativa juvenil A Ilha do Tesouro, Robert Louis Stevenson foi muito mais que um ficcionista de aventuras, como revela a coletânea de contos O Clube do Suicídio. Cultuado por gigantes, como Joseph Conrad e Jorge Luis Borges, que dizia amá-lo como a um amigo, o criador de O Estranho Caso de Dr. Jekylle Mr. Hyde, incluído na compilação, foi um severo oponente do naturalismo. O livro ainda traz ensaios de peso, assinados por Vladmir Nabokov e Henry James. O Clube do Suicídio, Robert Louis Stevenson, Cosac Naify, 448 páginas

UM MARCO DE FAULKNER

Vencedor do Prêmio Nobel de 1949, William Faulkner escreveu Sartorismeses antes de publicar aquele que é considerado por muitos sua obra-prima, o romance O Som e A Fúria. Ao contar a saga dos Sartoris – cujo patriarca, o coronel John Sartoris, morreu na Guerra da Secessão -, sob a ótica de sua irmã mais nova, Jenny, Faulkner introduz o leitor ao condado fictício de Yoknapatawpha, que ressurge ao longo de décadas de produção do autor em romances como Enquanto Agonizo, Os Invictose Santuário. Sartoris, William Faulkner, Cosac Naify, 416 páginas

SCHNITZLER COLECIONÁVEL

Mestre em adaptar romances, Stanley Kubrick valeu-se de Breve Diário de Sonho, de Arthur Schnitzler, em seu último filme, De Olhos Bem Fechados. Schnitzler produziu uma ficção de tamanha densidade psicológica que Sigmund Freud afirmou, em 1906, reconhecê-lo como “par artístico”. Em 2010, com O Médico das Termas, a Record iniciou a coleção Grandes Obras de Arthur Schnitzler. Recém-lançado, O Caminho para a Liberdadeé considerado sua obra-prima. O Caminho para a Liberdade, Arthur Schnitzler, Editora Record, 544 páginas

SALINGER VISÍVEL

A saga errante de Holden Caulfield, contada em O Apanhador no Campo de Centeio, tornou o americano J.D. Salinger um dos mais influentes autores do século XX. A insubordinação juvenil de Caulfield caiu como pólvora no incêndio de rupturas ensaiado pela primeira geração do Pós-Guerra, mas apesar do grande sucesso, Salinger permaneceu décadas em reclusão, até morrer em 2010. Salinger: uma Vidaé considerada a mais importante biografia do autor de Nove Históriase acaba de ser lançada. Salinger: uma Vida, Kenneth Slawenski, Leya, 416 páginas

A CALIFÓRNIA DE PYNCHON

Grande arte nas mãos de célebres autores como Raymond Chandler e Dashiell Hammett, o romance policial é a fonte de inspiração para Thomas Pynchon dar vida ao detetive particular Doc Sportello, anti-herói de Vício Inerente, que flagra uma Califórnia, na transição de 1960 para 1970, impregnada de vestígios do fim de uma Era. Grande observador do período, Pynchon dedicou outros dois livros sobre o tema, Vineland e O Leilão do Lote 49. Vício Inerente fecha essa trilogia sugerida pelo autor, e é título obrigatório. Vício Inerente, Thomas Pynchon, Cia. Das Letras, 464 páginas


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