O Fest Aruanda, coordenado por Lúcio Vilar, professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), começou com o pé direito. Há sete anos por meio do festival, a capital da Paraíba, João Pessoa, recebe o que de melhor se produz em documentário e ficção no Brasil, seja nos formatos curta e longa metragens. Neste ano, Lúcio Vilar e a jornalista Maria do Rosário Caetano selecionaram sete longas-metragens, a maioria inédita e que faz diálogo entre cinema, literatura e música. “Nosso festival, que nasceu na Universidade Federal da Paraíba, sempre apostou na nossa tradição documental. Por isso, damos um espaço maior para os documentários, mas sem nos esquecer dos filmes ficcionais”, esclarece Lúcio Vilar.
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PROGRAMAÇÃO E HOMENAGENS
O Fest Aruanda abriu a sua sétima edição com a exibição do filme Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios, dos diretores Beto Brant e Renato Ciasca, no Tropical Hotel Tambaú. O público que lotou o cinema do hotel ficou tocado com os depoimentos emocionados dos atores Antônio Pitanga e da sua filha, a atriz Camila Pitanga, que protagoniza o filme de Brant e Ciasca. O filme tem base no livro homônimo de Marçal Aquino e conta uma história de amor nada convencional entre a personagem de Camila Pitanga, uma ex-prostituta, com um fotógrafo e um pastor – este é, aliás, um dos melhores trabalhos da carreira da atriz.
Este é, aliás, um dos melhores trabalhos da carreira da atriz. Não é a toa que seu pai, Antônio Pitanga, revelou, em um discurso emocionado, o orgulho de ver a filha encontrando seu espaço no cinema. “Por saber das dificuldades da carreira de ator neste País, nunca fui de incentivar meus filhos a seguirem minha profissão, mas vendo minha filha nesse filme do Beto e do Renato, me sinto extremamente orgulhoso por ela ter escolhido essa carreira e ter encontrado seu espaço de uma forma muito digna.”
No sábado, foi a vez da exibição do documentário Marighella, de Isa Grispum, que recupera a trajetória do guerrilheiro Carlos Marighella (1911-1969), morto por órgãos de repressão da ditadura militar brasileira. O documentário deve estrear nos cinemas em março do próximo ano e foi realizado por Isa, sobrinha da esposa de Marighella, Clara Charf. Com depoimentos dos companheiros do militante de esquerda e de alguns intelectuais, o documentário conta a história do homem que lutou por um país mais justo e igualitário. O Fest Aruanda exibiu o filme no mês em que Marighella completaria 100 anos, nascido em Salvador, Bahia. Nessa mesma noite, a atriz Bete Mendes, reconhecida por seu talento e sua militância política, recebeu uma homenagem do festival. Em seu discurso, disse sentir muito orgulho por sua trajetória como atriz.
Em outra sessão lotada e bastante aplaudida pelo público, foi exibido o documentário Uma Longa Viagem, de Lúcia Murat, que tem a epopeia da sua família contada por seu irmão, Heitor. A diretora, que ficou presa por mais de três anos durante a década de 1970, refaz sua memória afetiva, usando o depoimento lúcido e humano de seu irmão.
O Fest Aruanda tem programação até quarta-feira (14). Mais informações no site festaruanda.com.br
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