Revista dos EUA publica estudo liderado por Miguel Nicolelis

Nicolelis durante palestra no TEDGlobal. Foto: James Duncan/TED
Nicolelis durante palestra no TEDGlobal. Foto: James Duncan/TED

A revista estadunidense Neuron, veículo especializado em neurociências, publicou nesta quinta-feira (30) um estudo realizado pelo Centro de Primatas do Instituto Internacional de Neurociências de Natal (IINNELS), no Rio Grande do Norte, com avanços no tratamento da doença de Parkinson. A pesquisa, liderada pelos neurocientistas Rômulo Fuentes e Miguel Nicolelis, demonstra a eficácia de uma nova neuroprótese, denominada “estimulação epidural da medula espinhal” (EEMS), que poderá ser realizada, no futuro, sem a necessidade de internação dos pacientes.

O método tradicional deste tipo de tratamento, utilizado atualmente, é feito por meio de uma cirurgia de várias horas e que possui restrições a alguns pacientes.

O estudo – publicado originalmente pela revista Science, em 2009 – já beneficiou cerca de 50 pessoas em todo o mundo, mas ainda não havia investigado os seus efeitos em animais ou pacientes. Na pesquisa divulgada nesta quinta, Fuentes e Nicolelis “usaram uma toxina química, chamada 6-OHDA, para induzir a degeneração de neurônios produtores de dopamina em 5 saguis. Essa lesão química reproduziu, em todos os animais, as lesões observadas no cérebro de pacientes portadores de doença de Parkinson. Como consequência, todos os saguis apresentaram sintomas motores como “congelamento de movimentos”, distúrbios de locomoção, tremores, e falta de coordenação motora”.

“Os saguis tratados com a EEMS demonstraram melhora importante em sintomas motores que normalmente são difíceis de serem revertidos com o método da estimulação cerebral profunda, como por exemplo os distúrbios de postura, marcha e velocidade de movimento”, explica Nicolelis.

Fuentes e Nicolelis concordam que, o fato da EEMS ser realizada através de um processo muito menos invasivo e mais barato do que outras alternativas cirúrgicas, bem como o sucesso do uso desse método em macacos, vai contribuir para a realização de mais testes clínicos num futuro próximo. “A EEMS não requer a invasão do tecido nervoso, uma vez que os eletrodos de estimulação são implantados sobre a membrana que recobre a medula espinhal”, disse Fuentes. “como a EEMS requer um procedimento cirúrgico muito simples, os pacientes, no futuro, poderão se submeter ao procedimento pela manhã e deixar o ambulatório no começo da tarde”, completou Nicolelis.

Além de Fuentes e Nicolelis, o trabalho publicado na revista Neuron é também é assinado por Maxwell Santana, Pär Halje, Per Pettersson, Hougelle Simplicio, Ulrike Richter e Marco Aurélio Freire. Todos os experimentos desse estudo foram realizados no Centro de Primatas do IINNELS, localizado na cidade de Macaíba, Rio Grande do Norte.


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