Revolução em decibéis

HENDRIX COM “H”Há 40 anos, o músico se mantém isolado como gênio único da guitarrapor Luiz Chagas[nggallery id=15116]Por que Jimi Hendrix é Jimi Hendrix permanece nebuloso. Chas Chandler, baixista do Animals, banda inglesa que veio no rastro dos Beatles, descobriu-o em 1966, em Nova York. James Marshall Hendrix, nascido em Seattle, servira o exército como paraquedista e já havia tocado com “velhos”, como Sam Cooke, Little Richard, Wilson Pickett, ainda não redescobertos pela moçada branca. De Londres, ligou para o pai, Al Hendrix: “Pai, eles mudaram meu nome para Jimi e vão me fazer famoso”. Nunca se soube como o guitarrista canhoto conseguiu o seu toque e escolheu o caminho a seguir.Na Londres de então, B.B. King, outro velho americano, se apresentava de smoking e cabelo alisado, não raro ao lado de estrelas, como Eric Clapton, devidamente paramentado, permanente no cabelo e roupas espalhafatosas, para parecer negrinho. Jimi era original. Chandler começou a testar músicos para Hendrix. Foram tantos que a banda foi batizada Experience. Mas, como o empresário previu, o nome logo adquiriu outro significado. Os dois escolhidos, o baterista Mitch Mitchell e o baixista Noel Redding, eram especiais, não seguiam os padrões roqueiros e tocavam junto com a música, como jazz.Apesar da indiscutível familiaridade de Jimi com a linguagem musical do blues a Ravel e Debussy, o que o diferenciou logo de cara foi a maneira de encarar o instrumento. O músico criava um campo magnético envolvendo os amplificadores (Marshall, lógico) potencializados pelos pedais, literalmente manipulando como queria os sons gerados, logicamente imprevisíveis. Como um Theremin. Geralmente, dava uma nota que explodia em uma microfonia ensurdecedora, criando outras que ele modificava apertando pedais, mexendo na afinação com a alavanca, formando melodias e provocando ruídos, como bombas explodindo, aviões caindo, manipulando a eletricidade. A única pista que deixou era que usava encordoamento pesado e para poder fazer o bending, que é puxar a corda com os dedos, afinava alguns tons mais baixo, para que ela ficasse mole. E é só. Nunca ninguém fez isso. Nem antes, nem depois. Músicas como Voodoo Child, Third Stone From The Sun, Fire ou Purple Haze jamais seriam compostas em um violão. Nem pelo Yamandu. Sequer por Wes Montgomery ou Nicolo Paganini em outros instrumentos.Suas letras eram absurdas para quem falava de amor ou fazia inventários pop. Seu primeiro sucesso Hey Joe, um tema tradicional, fala de um crime passional; no blues Red House, o protagonista perde a mulher, mas fica com a cunhada; Up From The Skies é uma apreciação da terra feita por um alienígena, em primeira pessoa; Castles Made of Sand são três historinhas, um marido abandonado, um indiozinho assassinado e uma paraplégica suicida; em Wait Until Tomorrow, regravada alegremente por Caetano e Gil, o namorado é baleado e morto pelo futuro sogro. E tudo cantado com sua voz doce e inspirada, por mais que o próprio Hendrix a detestasse.Dizem que a carreira de Jimi foi breve. Besteira. A dos Beatles foi menor e mais sacrificada, porém melhor assessorada. Os quatro desembarcaram nos EUA em fevereiro de 1964 e fizeram o último show da carreira em agosto de 1966. Nesse período, lançaram seis álbuns, estrelaram dois filmes e nunca mais se recuperaram como grupo. Entre 1967 e setembro de 1970, Jimi lançou três álbuns, um deles duplo, uma reunião de singles e um disco ao vivo com inéditas. Tocou ao vivo praticamente todos os dias, não raro em sessões duplas, e montou um estúdio em Nova York. Não aguentou a peteca. E levou o segredo de sua música consigo.Luiz Chagas começou a tocar guitarra na adolescência por influência de grupos instrumentais da Jovem Guarda, como The Jet Blacks, mas descobriu em Hendrix infinitas possibilidades no instrumento. Na transição dos anos 1970 para 1980, aplicou as lições de vanguarda de Jimi ao ingressar no grupo Isca de Polícia, banda de apoio do genial compositor Itamar Assumpção.

MAGO, MESTRE, METRALHADORApor Guto LacazGuto Lacaz, artista plástico e roqueiro convicto, considera Jimi “mago, mestre e metralhadora” e guarda com orgulho dois vinis do Jimi Hendrix Experience. Teve recentemente publicado pela Decor Books, o livro Omenhobjeto, compilação de mais de três décadas de sua importante carreira. Na ocasião do lançamento, o artista foi entrevistado pela Brasileiros, clique aqui e confira.
SOM QUE VEM DA ALMApor Arismar do Espírito Santo
Alguns seres têm o dom de reportar o tempo música, como um teletransporte sonoro e imediato.Jimi Hendrix: uma mistura de cometa supermusical com um repórter de sua Era.Um cara sem dublês, pouco importava que guitarra usava, já que o som vinha do fundo de sua alma.Jimi Hendrix, Hermeto Pascoal, John Coltrane, Villa-Lobos, Ray Brown, Dominguinhos, Thiago Espírito Santo, Nenê Batera, Michel Leme, Herbie Hancock…Não há o que dizer, tem de ouvir e viajar. Vidão!!!Arismar do Espírito Santoé um dos multi-instrumentistas mais requisitados do País. Tocou com Hermeto Pascoal, Raul de Souza, Luiz Eça, João Donato, Paulo Moura e até George Benson. Confessa que ao ouvir pela primeira vez Hendrix tocando com um pedal wah-wah, pasmado, achou que fosse um arranjo polifônico de uma orquestra. Tempos depois, descobriu que o segredo estava no pé de Jimi
METAMORFOSEpor Angelo Pastorello
Fotógrafo profissional há mais de 20 anos. Na década de 1980, foi baixista do trio paulistano Violeta de Outono, banda pioneira em resgatar a sonoridade lisérgica de grupos como Pink Floyd, liderado por Syd Barrett, e Experience, de Jimi Hendrix. Na foto, feita com inspiração no guitarrista, o modelo escolhido foi o cantor Diego Moraes, revelado pelo programa Ídolose que debutou em 2009 com o CD e DVD Meus Ídolos. Diego também é um grande admirador de Hendrix.Stylist: Agnaldo Santos e Nicole Nativa Roupas:Minha avó tinha
O criador e sua criatura

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