Ricardo Barros, ministro da Saúde (PP), deve ser afastado do cargo após o impeachment, disseram fontes associadas aos assessores de Michel Temer. Envolvido em inúmeras polêmicas desde que assumiu a pasta – e desagradando a todos os setores ligados à saúde – rumores assinalam que ele deve sair agora em setembro. Segundo Murilo Ramos, da coluna Expresso (Revista Época), “caciques do PP já foram alertados”. Será preciso esperar, no entanto, o que está por vir. O colunista sugere que a saída do ministro talvez não mude significativamente o quadro de dirigentes na saúde. A principal preocupação do partido (o PP), diz ele, é “manter o controle do ministério mais rico da Esplanada, independentemente de quem seja o seu comandante.”
A impopularidade de Barros é altíssima. Em meio a muitas polêmicas, o cerne do descontentamento geral é a defesa escancarada que ele faz aos planos de saúde, com a consequente total ausência de políticas para o SUS, que caminha para o total sucateamento. Tudo ganha um cenário ainda mais inflamado porque Barros representa o setor e recebeu R$ 100 mil de doação de campanha de operadora de planos de saúde.
Dentre inúmeras declarações que deixaram claro a posição de Barros, uma implicação prática do seu posicionamento foi a criação de uma comissão para estudar a criação de planos de saúde mais baratos, com menos procedimentos obrigatórios, sob o pretexto de que era preciso desafogar o SUS. A medida foi criticada tanto por setores mais à esquerda da saúde, como pelos mais conservadores.
Movimentos populares e conselhos médicos se uniram contra a medida e até a OAB, que apoiou o impeachment, criticou decisões do ministro e de Temer relacionadas ao enxugamento do orçamento do SUS.
Ainda, o ministro faz uma defesa aberta do setor privado, chegou a dizer que planos não precisavam ser fiscalizados, e disse ainda que era preciso “rever o tamanho do SUS” -quando a demanda de setores na saúde é que o SUS está caminhando para a falência, com uma política de desfinanciamento e sucateamento que, se já eram históricas; agora, assinalam a destruição e a inviabilização do sistema público de saúde.
Além disso, Barros foi no mínimo descuidado em muitas das declarações que fez – como a de que homens vão menos ao médico porque trabalham mais. O parlamentar também chegou a dizer que precisava incluir a igreja na discussão sobre o aborto porque, com “procedimentos inadequados e o aumento do número de mortes”, a igreja precisava ser ouvida sobre a questão.
Desde meados de junho, Temer acena para reformas ministeriais que devem ocorrer após o impeachment. Uma das promessas foi a volta do Ministério do Desenvolvimento Agrário. O aceno foi feito em reunião com a Frente Nacional de Luta do Campo e da Cidade. Em outro momento, em encontro com a bancada feminina da Câmara Federal, Temer também sinalizou uma reforma que contemplasse mais as mulheres no alto escalão do governo. Não há, entretanto, nada definido sobre isso.
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