Meus caros, cheguei há pouco a Petrópolis, serra carioca, clima delicioso, previsão de chuvas no final da tarde. O incrível é que desembarquei no aeroporto Santos Dumont por volta de meio-dia e meia, e segui pela Linha Vermelha até a BR-040, que liga a capital a Juiz de Fora, cruzei a Baixada Fluminense, e tudo estava normal. Não vou bancar o gostosão, dizendo que as notícias são bobagem, longe disso, fico até muito assustado. A questão é que eu saí de São Paulo imaginando que desembarcaria na Faixa de Gaza, veículos militares à vista, muito trânsito, e pânico nas ruas, mas encontrei normalidade. As ações dos criminosos são localizadas, não sei exatamente onde agiram durante a manhã, sei que são coisas espalhadas, não passei por elas. O motorista que me trouxe enfrentou trânsito no sentido contrário da Linha Vermelha para vir, mas foi exatamente em função de uma grande blitz policial. Recebi algumas ligações de amigos preocupados, sabiam que eu viria para cá, queriam notícias, mas disse a eles o que digo a vocês. O Rio de Janeiro convive com a violência, e sobreviverá a ela. Com todas as cenas do noticiário, as figuras populares com quem tive contato estão elogiando o governo, empolgadas. Sabendo que sou de fora, começam a me explicar o que se passa, e o filme Tropa de Elite já foi mencionado, pelo menos uma vez. Faço-me de desentendido exatamente para estimular os relatos, e vejo que o BOPE pode contar com um efetivo auxiliar, no que depender dos frentistas do posto de gasolina da estrada.
Lógico que há medo no ar, mas vejo empolgação, algo que imagino demonstrar uma esperança de que a situação, por terrível que seja, deve ser compreendida, e que os bandidos são o outro lado, os cidadãos somos nós, por isso devemos apoiar a polícia. Por mais que critiquem muito a PM, externem opiniões as mais diversas sobre Beltrame e sua turma, os cariocas parecem querer a batalha, e querem ganhar a guerra, querem virar um jogo que já dura muito tempo. O governador Sérgio Cabral está demonstrando que as palavras de Churchill, ao afirmar que um povo aguenta tudo, desde que saiba estar bem conduzido por seus governantes, procede. A entrada de veículos blindados do Exército, que eu também só vi pela televisão, gerou mais tranquilidade. Todos sabem que uma guerra está acontecendo, mas os discursos não são todos fatalistas, estamos acompanhando a situação pela televisão, não pela porta da rua. Os cariocas parecem começar a acreditar que vão ganhar a guerra. Estamos, sempre, na torcida. Abraços do Cavalcanti.
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