Rodrigo Santoro em trânsito

Há quase uma década dividindo a carreira de ator entre trabalhos no Brasil e nos Estados Unidos, Rodrigo Santoro volta às telonas brasileiras em dois novos filmes rodados  aqui: no papel secundário e breve de um ex-cafetão em Reis e Ratos, de Mauro Lima, que chegou ao cinema dia 17 de fevereiro; e também em Heleno, de José Henrique Fonseca, onde protagoniza a trajetória errante do jogador Heleno de Freitas, do Botafogo. Heleno tem estreia prevista para o dia 23 de março.

A chegada dos longas dá continuidade a escolhas duramente interpretadas. Para alguns críticos, Santoro abriu mão de uma promissora carreira e vem se aventurando em experiências irrelevantes fora do País. Queixa compreensível, visto que a celebrada interpretação de Neto, o protagonista de Bicho de Sete Cabeças, de Laís Bodanzky, em 2001, conferiu respeito ao jovem galã egresso do ambiente da moda. Mas Santoro ignorou essa perspectiva, chegou aos Estados Unidos em 2002, dominou o inglês, e já no ano seguinte debutou no telefilme The Roman Spring of Mrs. Stone. Meses depois, colocou os pés pela primeira vez no set de um blockbuster, em uma pôlemica ponta do filme As Panteras Detonando, no qual, para deleite de seus depreciadores, não falava uma palavra sequer, apenas exibia o corpo.

Santoro revive a história do controverso centroavante botafoguense

Em entrevista por telefone, o ator falou sobre as estreias, mas também resgatou parte de sua trajetória recente e saiu em defesa própria: “Minha carreira internacional não foi absolutamente planejada, mas sempre escolhi trabalhos pela experiência que eles iam me proporcionar. No filme das panteras, por exemplo, meu grande desejo era saber como funcionava o set de uma grande produção em Hollywood, estar e representar nesse ambiente praticando outro idioma”.

Em Reis e Ratos, uma comédia de erros com trejeitos de filmes B, Santoro contracena com Selton Mello, Cauã Reymond e Otávio Müller. Já em Heleno, segundo longa de ficção de José Henrique Fonseca, ele vive um personagem real e pleno de carga dramática, o jogador de futebol Heleno de Freitas (1920-1959), que brilhou nos gramados brasileiros entre as décadas de 1940 e 50. Classe média, formado em Direito, Heleno viveu por um breve período como um rei da noite e morreu aos 39 anos, louco e solitário em um sanatório, em decorrência de uma sífilis que não quis tratar. O convite para o filme veio há cinco anos, quando Fonseca começou a idealizar o projeto. A complexidade do personagem, fez com que Santoro recorresse à parceria que rendeu a ele seu maior papel até aqui: “Para interpretar o Heleno, que viveu situações limites e terminou a vida em um sanatório, procurei novamente a valiosa ajuda do Sergio Penna. Foi ele quem me preparou para viver Neto (o protagonista de Bicho de Sete Cabeças)”.

A despeito dos louros que Heleno possa (ou não) render ao ator, Santoro revela que continuará norteando a carreira pelos mesmos critérios e não pretende voltar em definitivo para o Brasil: “Lógico que minha carreira no exterior é uma extensão do que faço aqui, mas independentemente do que pensam alguns críticos brasileiros, vou continuar seguindo a minha intuição. Mais importante que o resultado, para mim é a experiência”.


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