A Rússia assinou nesta quinta (29) com a Bielorrússia e o Cazaquistão a criação de uma União Econômica Euroasiática, projeto do presidente russo Vladimir Putin que, segundo analistas, procura restaurar a influência do país sobre as ex-repúblicas soviéticas.
O acordo foi assinado por Putin e pelos respectivos bielorrusso, Alexandre Lukachenko, e cazaque, Nursultan Nazarbaiev, na capital do Cazaquistão, Astana. A união, que deve entrar em vigor no dia 1º de janeiro de 2015, permitirá maior integração desses países – ligados por uma união aduaneira desde 2010.
Segundo um comunicado divulgado pelo Kremlin, “os três Estados comprometem-se a garantir a livre circulação de produtos, serviços, capitais e trabalhadores, além de aplicar uma política semelhante em domínios chaves da economia: energia, indústria, agricultura, transportes”.
“Esta união é econômica e não afeta a soberania dos países participantes”, explicou o presidente do Cazaquistão, Narsultan Nazarbaiev, após a assinatura.
Putin declarou que os três países vão criar “em conjunto um centro poderoso e atrativo de desenvolvimento econômico, um mercado regional importante que unirá 170 milhões de pessoas”, assinalando que os signatários dispõem de “enormes recursos naturais”, que representam um quinto dos recursos mundiais de gás e quase 15% dos de petróleo.
O presidente russo, que em 2005 qualificou a dissolução da União Soviética como a “maior catástrofe geopolítica” do século 20, tem grande expetativa em relação a essa união e lamenta a ausência da Ucrânia, país de 46 milhões de habitantes e de grande potencial industrial e agrícola, devido ao novo poder pró-ocidental.
“Perdemos participantes pelo caminho, penso na Ucrânia”, observou Lukachenko, no final da cerimônia de assinatura do acordo. “Estou certo de que cedo ou tarde a liderança ucraniana entenderá onde está o seu destino”, disse o presidente bielorrusso, sublinhando que o direito de se juntar à nova união “pertence ao povo ucraniano”.
O presidente da Ucrânia, eleito no último domingo (25), o milionário Petro Porochenko, já anunciou que quer a entrada da Ucrânia na União Europeia. Putin conseguiu, no entanto, atrair a Armênia, cujo presidente, Serge Sarkissian, anunciou hoje esperar aderir à nova união em junho.
O Quirguistão, pequena e pobre república da Ásia Central, também demonstrou vontade de fazer parte do grupo. O presidente do país, Almazbek Atambaiev, indicou que isso poderá acontecer até ao final de 2014.
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