Cientistas da Itália concluíram em pesquisas que os cães conseguem analisar o caráter de uma pessoa ao observá-la. Descobriu-se isso com a ajuda de três atores. Dois deles comiam salsichas, quando se aproximou um terceiro – fazendo o papel de mendigo (isso é importante) – pedindo um teco do alimento. Um dos comensais soltou um sonoro “Não!” ao suplicante e o maltratou. O segundo dividiu o que tinha e ainda disse palavras amáveis. O cachorro, depois, escolheu aproximar-se do homem generoso. Concluiu-se daí que o bicho é um astuto observador de atitudes.
Porca pipa! Foi preciso uma banca de pesquisadores científicos para descobrir que cães reconhecem pessoas generosas e as preferem? Quanto será que ganha um acadêmico desses? Deve ser muito, pois os maledetti em questão moram e trabalham em Milão, cidade cara pra cachorro.
Há muitos anos já venho conduzindo experimentos e descobertas sensacionais com animais domésticos de pequeno e médio portes. Até agora, infelizmente, sem ganhar nenhum tostão. E não exijo caracterização nem guarda-roupas especiais para atores. Lembrem-se de que os cientistas italianos fizeram questão de colocar um dos homens tipificado como mendigo. Fato que muito me surpreendeu, já que ignorava a capacidade de os animais distinguirem o status socioeconômico de humanos. A questão que me ocorreu imediatamente foi: “Será que, se alguém vestido da cabeça aos pés com um magnífico terno Armani e sapatos Salvatore Ferragamo fosse pedir salsichas e recebesse um “Não!“, teria sido bem avaliado pelo Totó?
Sim, porque um cara trajando mais de cinco mil dólares em vestimentas não deve sair por aí pedindo nacos de salsicha para os outros. Ele que economize nas roupas e compre seus próprios embutidos. O cão deveria levar isso em consideração. Pensaria “Au! Au!“, ou melhor: “Esse almofadinha gastou todo o dinheiro em ternos caros e agora fica aí pedindo salsichas. Ele não merece um único bocado. Fez bem o homem que recusou a merenda”.
A cientista Sarah Marshall-Pescini (que, aposto, é americana casada com um italiano), da Universidade de Milão, foi a responsável por essa opereta scientifica. Ela notou que os timbres das vozes nas respostas dos que possuíam salsichas também influenciaram – e muito – na escolha feita pelos cães. Por mais inacreditável que possa parecer, um “NÃO!“, dito em alto e bom som, deixou o bicho ressabiado, com o rabo entre as pernas, ao pé da letra. Será que se o mesmo personagem houvesse dito um “SIM!” veemente e guardado sua salsicha – no bom sentido, é claro – teria causado boa impressão ao animalzinho?
Pelo que dizem algumas autoridades em inteligência canina, o melhor amigo do homem seria capaz de compreender cerca de mil palavras. Vocabulário muito maior do que dispõem certos “cães” que andam por aí, como Hildebrando Pascoal, aquele da motosserra. Esse, aliás, nem anda por aí: está preso em um cercadinho e, sabe-se lá, se leva salsicha.
Mas fujo do assunto. O importante é que a cachorrada amiga é comprovadamente analista de personalidades e entende quantidades assombrosas de vocábulos. Do jeito como evoluem, daqui a pouco viram psicanalistas. Vão cobrar cinco quilos de salsichas por 45 minutos de sessão. Porém, o que eu quero saber mesmo é onde me inscrevo para ganhar verbas de pesquisas científicas com cachorros? Prometo descobertas fantásticas em minhas pesquisas no Norte da Itália. Especialmente na cidade famosa por sua concentração de modelos femininos da Alta Costura. Mulheres, como se sabe, são doidas por cachorrinhos. Acho que vou descobrir muito usando essa premissa.
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