A ideia é tão original que, de primeira, é até meio difícil de assimilar. Em uma época em que a palavra sustentabilidade virou praticamente um chavão, a iniciativa de um casal de brasileiros, residente em Londres, chama atenção. Luis Fernando Almeida, o Neni, e Vanessa Almeida, lançaram, depois de dois anos de planejamento, uma sacola-revista, que atende pelo simpático nome de MagBag – Magazine Bag. Ou, para ser mais formal, Elpis MagBag, uma alusão a entidade grega que representa a esperança.
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“Inicialmente queríamos criar uma revista que falasse de coisas em que acreditamos, como por exemplo, uma convivência mais harmônica e ética com a natureza”, conta Neni. A sacada da sacola, feita de papel reciclável, veio depois. “Existem milhares de publicações gratuitas em Londres e nós começamos a pensar que mais uma não faria muita diferença”. Foi aí que surgiu a ideia de se trabalhar com uma mídia alternativa. “A MagBag é como uma caixa de leite com a foto de uma criança desaparecida, você sempre acaba olhando e se envolvendo com aquilo”, explica.
Na frente e no verso da sacola estão distribuídas reportagens relacionadas às green issues (em português, algo como “questões sustentáveis”). “Nessa primeira edição temos, por exemplo, matérias sobre como comprar móveis de segunda-mão e uma receita de culinária vegan“, diz Vanessa. A reportagem principal conta a história de um santuário de animais, que, aliás, serviu de inspiração para a sacola. “Visitamos o Hill Side Sanctuary há dois anos e foi lá que começamos a pensar em uma revista, que, futuramente se tornaria a MagBag“, relembra o casal.
Vanessa conta que o santuário também influenciou outra decisão de Neni. “Eu sou vegetariana há 16 anos, mas ele era totalmente carnívoro, foi nesse dia, em que nasceu a ideia inicial da sacola, que ele deixou de comer carne”, se diverte o casal. “Não foi nenhum grande esforço, mesmo porque Londres é a cidade mais amigável do mundo para vegetarianos, não é a toa que uma das matérias dessa primeira edição fala justamente sobre isso”, conta Neni.
A cada esquina da capital inglesa é possível encontrar uma loja, restaurante, ou horta orgânica. São esses os pontos em que a MagBag é distribuída. “Na primeira edição fizemos uma distribuição gratuita nas lojas e pagamos, de nosso bolso, a confecção dos quase 8 mil exemplares”, conta o casal. No entanto, no futuro a ideia é vender publicidade na lateral das sacolas e cobrar, das lojas interessadas, um valor simbólico de 10 centavos por cada uma. “As edições vão ser feitas de acordo com a venda de publicidade”, explicam.
“Ser verde” em Londres é muito mais do que uma moda, é um estilo de vida. As pessoas, cada vez mais, trocam o transporte individual e público por bicicletas, cortam a carne de seus cardápios e procuram, de todo o modo, ajudar o meio ambiente. Depois do impacto, ainda sentido, da crise econômica mundial, a convivência mais harmônica com a cidade e a natureza parece ter se transformado na nova esperança das pessoas. Por isso, a alusão à entidade grega Elpis, no nome da MagBag, parece resumir uma sensação do mundo, que o casal brasileiro soube equacionar tão bem na singela e simpática sacola-revista.
Serviço
Todo o conteúdo impresso das sacolas pode ser encontrado no site Elpis MagBag
Em tempo: depois de quase duas semanas da aprovação da Lei que proíbe o uso de sacolas plásticas na cidade de São Paulo, a partir de janeiro de 2012, a MagBag é um ótimo exemplo de como supermercados e lojas, podem tirar boas ações da decisão.
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